Um massacre tirou a vida de 21 pessoas nesta semana na escola Robb Elementary School em Uvalde, Texas, nos Estados Unidos. Além dos que se foram, crianças que presenciaram a tragédia ficaram traumatizadas pelo pesadelo vivido. Em entrevista à CNN, uma aluna de 11 anos revelou como teve de se sujar com sangue de colegas para sobreviver aos disparos.
Miah Cerrillo contou que ela e os colegas assistiam ao filme “Lilo e Stitch” numa sala de aula com duas professoras, Eva Mireles e Irma Garcia. Quando os alunos já tinham acabado a lição, as professoras foram informadas de que havia um atirador no prédio da escola e foram trancar a porta da sala… Mas já era tarde demais. O homem estava logo ali e atirou pela janelinha na porta.
De acordo com a estudante, tudo aconteceu muito rápido. A professora foi para o fundo da sala e o homem a seguiu. Na sequência, o atirador teria olhado nos olhos da educadora, dito “boa noite” e disparado nela. Foi quando ele abriu fogo contra a outra instrutora e as crianças que estavam ali. Os fragmentos dos tiros atingiram Miah na cabeça e nos cotovelos. Ela foi levada ao hospital posteriormente e liberada com apenas alguns ferimentos. Segundo a garotinha, mechas de seu cabelo estão caindo agora.
Miah recordou que o atirador seguiu para uma outra sala depois de disparar contra seus colegas. A menina ouviu o som dos gritos e dos tiros na sala ao lado e, quando os disparos cessaram, relatou ter ouvido uma música triste tocando alto. Ela e sua amiga conseguiram pegar o celular da professora que não resistiu e faleceu. Então, as duas ligaram para o serviço de emergência e pediram ajuda. “Por favor, venham… Nós estamos com problemas”, disse ela.
Com medo de que o homem voltasse para sua sala e atirasse nela e em outros colegas sobreviventes, Miah mergulhou suas mãos no sangue de um coleguinha que estava morto ao seu lado, e cobriu todo seu corpo com o líquido. Ela se fingiu de morta com os amigos, no que pareceu ter durado umas três horas, segundo seu ponto de vista. Ela assumiu que a polícia ainda não havia chegado à cena do crime.
Algum tempo depois, Miah ouviu o som dos policiais do lado de fora da escola. Ao contar essa parte da história, a garotinha começou a chorar, dizendo que não conseguia entender como eles não entraram no colégio e os resgataram. Segundo a mãe da criança, ela está traumatizada e ainda não consegue dormir. A sobrevivente também optou por não aparecer nas câmeras e não conseguia falar com um homem, devido ao trauma. Mas ela espera que seu relato ajude a prevenir outras tragédias e que isso se repita com outras crianças.
Jayden Perez, de 10 anos, também sobreviveu à tragédia e perdeu a maioria de seus amigos. O garotinho assumiu que não quer voltar a estudar depois do massacre. “Não [quero], por causa do que aconteceu. Eu não quero ter nada a ver com outro tiroteio em uma escola”, afirmou ele. O menino, que se recupera do trauma, também expressou o medo de que isso se repita: “E eu sei que isso pode acontecer de novo, provavelmente”.
O aluno ficou escondido em uma área da sala onde ficam as mochilas, enquanto a maioria das outras crianças se escondeu debaixo das mesas. Apesar dos treinamentos para situações como essas, Jayden jamais imaginou que realmente teria que lidar com algo assim: “Foi assustador porque eu nunca pensei que um ataque iria realmente acontecer”.
Perez olhou para uma série de cruzes colocadas na entrada do colégio para homenagear as vítimas, disse ainda estar muito triste pela tragédia, e começou a listar quais dos 19 alunos feridos eram seus amigos. “Basicamente, todos eles”, desabafou o garotinho.