Um massacre tirou a vida de 21 pessoas nesta semana na escola Robb Elementary School em Uvalde, Texas, nos Estados Unidos. Além dos que se foram, crianças que presenciaram a tragédia ficaram traumatizadas pelo pesadelo vivido. Em entrevista à CNN, uma aluna de 11 anos revelou como teve de se sujar com sangue de colegas para sobreviver aos disparos.
Miah Cerrillo contou que ela e os colegas assistiam ao filme “Lilo e Stitch” numa sala de aula com duas professoras, Eva Mireles e Irma Garcia. Quando os alunos já tinham acabado a lição, as professoras foram informadas de que havia um atirador no prédio da escola e foram trancar a porta da sala… Mas já era tarde demais. O homem estava logo ali e atirou pela janelinha na porta.
![Whatsapp Image 2022 05 27 At 15.41.01](https://media.hugogloss.uol.com.br/uploads/2022/05/whatsapp-image-2022-05-27-at-15.41.01.jpeg)
De acordo com a estudante, tudo aconteceu muito rápido. A professora foi para o fundo da sala e o homem a seguiu. Na sequência, o atirador teria olhado nos olhos da educadora, dito “boa noite” e disparado nela. Foi quando ele abriu fogo contra a outra instrutora e as crianças que estavam ali. Os fragmentos dos tiros atingiram Miah na cabeça e nos cotovelos. Ela foi levada ao hospital posteriormente e liberada com apenas alguns ferimentos. Segundo a garotinha, mechas de seu cabelo estão caindo agora.
Miah recordou que o atirador seguiu para uma outra sala depois de disparar contra seus colegas. A menina ouviu o som dos gritos e dos tiros na sala ao lado e, quando os disparos cessaram, relatou ter ouvido uma música triste tocando alto. Ela e sua amiga conseguiram pegar o celular da professora que não resistiu e faleceu. Então, as duas ligaram para o serviço de emergência e pediram ajuda. “Por favor, venham… Nós estamos com problemas”, disse ela.
![Sobreviventes Massacre Robb Uvalde](https://media.hugogloss.uol.com.br/uploads/2022/05/sobreviventes-massacre-robb-uvalde.jpg)
Com medo de que o homem voltasse para sua sala e atirasse nela e em outros colegas sobreviventes, Miah mergulhou suas mãos no sangue de um coleguinha que estava morto ao seu lado, e cobriu todo seu corpo com o líquido. Ela se fingiu de morta com os amigos, no que pareceu ter durado umas três horas, segundo seu ponto de vista. Ela assumiu que a polícia ainda não havia chegado à cena do crime.
Algum tempo depois, Miah ouviu o som dos policiais do lado de fora da escola. Ao contar essa parte da história, a garotinha começou a chorar, dizendo que não conseguia entender como eles não entraram no colégio e os resgataram. Segundo a mãe da criança, ela está traumatizada e ainda não consegue dormir. A sobrevivente também optou por não aparecer nas câmeras e não conseguia falar com um homem, devido ao trauma. Mas ela espera que seu relato ajude a prevenir outras tragédias e que isso se repita com outras crianças.
Jayden Perez, de 10 anos, também sobreviveu à tragédia e perdeu a maioria de seus amigos. O garotinho assumiu que não quer voltar a estudar depois do massacre. “Não [quero], por causa do que aconteceu. Eu não quero ter nada a ver com outro tiroteio em uma escola”, afirmou ele. O menino, que se recupera do trauma, também expressou o medo de que isso se repita: “E eu sei que isso pode acontecer de novo, provavelmente”.
O aluno ficou escondido em uma área da sala onde ficam as mochilas, enquanto a maioria das outras crianças se escondeu debaixo das mesas. Apesar dos treinamentos para situações como essas, Jayden jamais imaginou que realmente teria que lidar com algo assim: “Foi assustador porque eu nunca pensei que um ataque iria realmente acontecer”.
![Whatsapp Image 2022 05 27 At 15.41.02](https://media.hugogloss.uol.com.br/uploads/2022/05/whatsapp-image-2022-05-27-at-15.41.02.jpeg)
Perez olhou para uma série de cruzes colocadas na entrada do colégio para homenagear as vítimas, disse ainda estar muito triste pela tragédia, e começou a listar quais dos 19 alunos feridos eram seus amigos. “Basicamente, todos eles”, desabafou o garotinho.