Alexandre Garcia diz na CNN que Bolsonaro é a “comprovação científica” que a cloroquina dá certo, e gera críticas negativas: “Sujeito que desinforma” — assista

Nesta segunda-feira (27), o jornalista Alexandre Garcia fez sua estreia no quadro “Liberdade de Opinião”, do programa “CNN Novo Dia”, e virou alvo de uma grande polêmica nas redes sociais. Ao defender a eficácia da hidroxicloroquina no tratamento do novo coronavírus — usando a recuperação do presidente Jair Bolsonaro como “comprovação científica —, o profissional criticou seus colegas de profissão e os acusou de reproduzir um discurso “mandado”.

Na ocasião, o comentarista, que é apoiador declarado do governo bolsonarista, falava sobre a cobertura jornalística do retorno do político aos seus compromissos, após se recuperar da Covid-19. Alexandre Garcia questionou o motivo da imprensa seguir dizendo que a hidroxicloroquina não tem eficácia no tratamento da doença. Ao afirmar que o chefe de Estado está curado, ele também alegou que Bolsonaro é um exemplo vivo da “comprovação científica” do remédio.

“Em todo noticiário que eu ouvi, o meu colega, repórter, diz assim: ‘[O presidente] Mostrou a caixa de hidroxicloroquina, que não tem comprovação científica.’ E o cara está na frente do presidente, que é a comprovação científica de que o uso da hidroxicloroquina dá certo”, opinou.

Alexandre Garcia defendeu o uso da cloroquina no combate ao coronavírus, uma vez que Jair Bolsonaro está curado da doença. Foto: Reprodução/CNN Brasil

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No entanto, a informação que é questionada por Garcia e amplamente divulgada por jornalistas respeitados e profissionais no país inteiro, segue as orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e estudos conceituados de grandes instituições. Em junho, a universidade de Oxford, na Inglaterra, concluiu com diversos testes que o medicamento é ineficaz. “Isto não é um tratamento para Covid-19. Não funciona. Este resultado deveria mudar a prática médica em todo o mundo. Agora podemos parar de usar um remédio que é inútil”, afirmou o professor Martin Landray, que liderou a pesquisa “Recovery”, à Reuters.

Mais recentemente ainda, no dia 22 de julho, a revista Nature publicou um estudo do German Primate Center, mais uma vez comprovando a ineficácia da cloroquina contra o novo coronavírus. Os cientistas explicaram que o medicamento tinha se mostrado positivo em macacos, porém, foi identificado que ele não é capaz de impedir a propagação do vírus no pulmão. “A Covid-19 é causada principalmente pela infecção de células pulmonares, por esse motivo, essas células devem ter prioridade nos testes de eficácia”, afirmou Stefan Pöhlmann, chefe da Unidade de Biologia da Infecção do instituto.

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Porém, para Alexandre Garcia, seus colegas de profissão estão reproduzindo um discurso “lunático”. “Eu não entendo, o sujeito parece que vai para a lua, para Marte, para usar aquele chavão, aquele rótulo, que estão mandando, alguém tá mandando todo repórter dizer que ‘não, não tem comprovação científica’”, acusou. Assista ao momento:

A teoria do comentarista, baseada em um achismo particular, gerou diversas críticas, incluindo dos colegas de profissão e de emissora. “O que me deixa mais estupefata na fala do Alexandre Garcia é a falta de lógica que é, basicamente, nenhuma”, disse a jornalista Rosana Hermann. “Eu só queria entender como um sujeito que desinforma tanto tem espaço num canal de TV?”, indagou Guga Noblat.

“Discurso anti-ciência em rede nacional – como o proferido pelo @alexandregarcia na @CNNBrasil hoje – alimenta a crise da democracia. Diferença entre causalidade e correlação não é uma questão de direita ou esquerda, é conhecimento científico básico de quem se presta a ir à TV“, avaliou o advogado e colunista da Folha, Thiago Amparo.

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“Pessoal, se o seu tio Walter for diagnosticado com o Coronavírus e melhorar depois de tomar água com limão em jejum todos os dias, isso não significa que a ciência comprovou que a água com limão em jejum cura Covid-19. Comprovação científica exige MÉTODO, por favor! […] Método não é brincadeira, principalmente se o que está em jogo é a saúde das pessoas e a indicação de um remédio que tem efeitos colaterais”, criticou Gabriela Prioli, que faz parte da CNN Brasil.

O deputado federal Marcelo Freixo também se manifestou sobre o caso. “Será que na próxima coluna Alexandre Garcia vai dizer que a tia do zap é a comprovação científica de que gargarejar água morna com limão funciona? Ou só vale passar essa vergonha quando é para puxar o saco de Bolsonaro?”, debochou. Confira a repercussão do caso:

https://twitter.com/Ticostacruz/status/1287880309287956480

https://twitter.com/RamonVGomes/status/1287897931450810373

https://twitter.com/RathSv/status/1287900325354102787

https://twitter.com/Padu2710/status/1287900130125983744

https://twitter.com/NilflixSp/status/1287900300792279041

https://twitter.com/tiaguism/status/1287898920538996737

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Além da sua teoria sobre a cloroquina, Alexandre Garcia fez outros discursos controversos e polêmicos no programa, incluindo uma comparação do nazismo com o comunismo, e uma afirmação de que o Supremo Tribunal Federal “amarrou as mãos” do Governo Federal durante a pandemia do novo coronavírus. Sobrou até para Alexandre de Moraes, ministro do STF. “E agora?! Ele vai para o divã do psicanalista para saber o que é que houve?”, ironizou a respeito de uma votação.

https://twitter.com/SamPancher/status/1287878770100035584?s=20