Em meio a rumores de insatisfação com a linha editorial do “Jornal da Record” na última semana, Adriana Araújo deixou o noticiário após 14 anos. Sem despedida oficial ou um comunicado direto ao público, a jornalista decidiu usar seu Instagram pessoal para gravar um vídeo falando sobre as mudanças profissionais dentro da emissora.
“Despedidas são importantes pra gente fechar um ciclo bem e começar outro com boa energia, né? E estou passando aqui pra isso. Me senti abraçada por todos os que me enviaram mensagens”, começou falando na gravação, que tem pouco mais de 5 minutos de duração. Adriana explicou que foi motivada a produzir o vídeo depois de ver a quantidade de mensagens carinhosas nas redes sociais dos telespectadores que a acompanharam. “Algumas pessoas têm a linha do tempo da minha carreira na televisão mais nítida que a minha própria memória”, brincou.
A profissional explicou que hoje também teve a oportunidade de se despedir de todos os colegas de redação do “Jornal da Record”. “Falei para os meus amigos na redação que é um ciclo que se fecha. E eu sinto que é o momento de abraçar novos desafios e começar um novo ciclo”, disse. Adriana acrescentou que vê o processo de saída com muita naturalidade. “Tem gente que diz ‘foi tirada’, ‘foi rebaixada’, e eu de verdade não enxergo assim. Isso já aconteceu várias vezes da minha trajetória toda”, falou.
Adriana Araújo aproveitou para relembrar momentos de mudança na sua jornada, que foram interpretados por muitas pessoas como negativos, mas acabaram sendo fundamentais para o seu crescimento profissional. “Eu não teria sido apresentadora do ‘Jornal da Record’ se eu não tivesse sido repórter do ‘Jornal Hoje'”, contou, referindo-se à época em que saiu do “Jornal Nacional” para o noticiário vespertino da rede Globo. “Nunca vou achar que ser repórter é rebaixamento“, observou.
A jornalista chegou a ficar com a voz embargada ao lembrar da despedida dos colegas. Por conta da pandemia do novo coronavírus, ninguém conseguiu se abraçar. “Isso a pandemia traz de bem pesado. Você agradecer, olhar nos olhos das pessoas, e não poder abraçar. Foi difícil”, desabafou.
O anúncio da saída de Adriana Araújo do telejornal, feito na sexta-feira (19), impulsionou ainda mais as especulações de que ela estaria insatisfeita com os rumos do “Jornal da Record”, principalmente no que diz a respeito da cobertura jornalística sobre a covid-19 no país. No vídeo, a apresentadora assume que houve “discordância” nos bastidores, mas não detalha o que aconteceu.
“Eu falei para eles [colegas de redação] assim: ‘Não tem trabalho sem perrengue, não tem trabalho sem desafio, sem discordância. Mas uma discordância momentânea, que não pode representar, não pode apagar o brilho de tanta coisa boa que eu vivi e construí ali’. E eu sou muito, muito grata por todas as oportunidades que o ‘Jornal da Record’ me trouxe e também o que ele representou na vida da minha filha. Eu nunca vou esquecer isso. Obrigada, viu?! De coração”, encerrou.
Adriana foi contratada em 2006 para assumir a apresentação do noticiário do canal, e agora terá um novo desafio dentro da programação. No próximo mês, ela estreará a nova temporada do “Repórter Record Investigação” nas noites de quinta-feira, às 22h30. A jornalista Christina Lemos assumiu a bancada do “Jornal da Record” ontem (22), dividindo a apresentação com Sérgio Aguiar, em razão do confinamento de Celso Freitas.
Mudança repentina
A saída de Adriana Araújo ocorre justamente no período em que se especula rumores sobre sua insatisfação com a linha editorial do telejornal. De acordo com o site Notícias da TV, logo após a edição do programa no dia 21 de abril, a jornalista protagonizou uma crise de choro. Coincidentemente, a apresentadora recebeu 30 dias de férias no dia seguinte, e foi substituída por Janine Borba.
Na época, a publicação apurou que o choro teria dois motivos. O primeiro seria que Adriana estava insatisfeita “por estar emprestando sua imagem a um telejornal governista”. Inclusive, na fatídica edição, o noticiário privilegiou matérias que mostravam os esforços e preparativos de algumas cidades na reabertura do comércio durante a quarentena. Fontes disseram ao “NTV” que uma outra reportagem, sobre o caos no sistema de saúde em Manaus, não foi exibida por decisão da direção. A segunda razão seria por conta de questões pessoais.
No dia 25 de abril, Adriana Araújo veio a público confirmar que chorou, sim, após a edição do telejornal. No entanto, as fotos usadas para noticiar o fato, eram de um depoimento dado em 2015, falando sobre a saúde da sua filha, que enfrentou dez cirurgias corretivas para ter pés que a permitem, hoje, até correr. “Essa imagem foi usada pra falar de outro assunto sem qualquer conexão com esse momento. Não deturpem o meu choro, por favor. Sou resultado de muitas vitórias e alegrias mas também das lágrimas no meu caminho. Isso nos faz humanos, capazes de nos desfazer e refazer. É nisso que tenho pensado nessa parada estratégica pra refletir. As lágrimas de hoje reservo a mim”, compartilhou.
Em junho, a jornalista usou suas redes sociais e fez duras críticas pelo atraso e a falta de transparência na divulgação dos dados da pandemia do novo coronavírus no Brasil. “É uma questão de saúde pública saber o que está acontecendo no Brasil agora. É muito importante para todos nós”, disse em um trecho. Adriana ainda ressaltou a importância de saber sobre a gravidade da situação. Assista: