BBB20: Thelma fala sobre como é vencer programa após Paula, e analisa comentário de Gizelly, que rendeu acusações de racismo estrutural

A vigésima edição do “Big Brother Brasil” chegou ao fim nesta terça-feira (27), com a linda vitória de Thelma Assis, a única inscrita que permaneceu na reta final do programa. Em coletiva de imprensa, a médica de 35 anos falou um pouco sobre sua trajetória no reality, da representatividade que sua vitória trouxe para o público, principalmente para meninas pretas, e de situações que aconteceram na casa e que causaram polêmica aqui fora.

Durante o bate-papo com a imprensa, Thelma respondeu ao hugogloss.com sobre algumas falas apontadas pelo público como reflexos do racismo estrutural, a exemplo do comentário de Gizelly, que relacionou a maquiagem da amiga a “barro”. Em outra ocasião, Babu também disse ter achado que a mancha da maquiagem na porta do quarto Céu poderia ser  “barro”. Em ambos os casos, os administradores das redes sociais de Thelma se manifestaram, apontando para a problemática do racismo estrutural. “Lá dentro, as coisas são muito intensas, mas ao mesmo tempo outras coisas acontecem muito em entrelinhas. A Gizelly, que foi uma pessoa que eu convivi, era super disposta a aprender. Então, a gente chegou a comentar sobre a palavra ‘denegrir’, ela mesma me ensinou sobre a palavra ‘judiação’, que também não é um termo legal de utilizar. Eu falei uma vez pro Pyong sobre o termo ‘ovelha negra’. Então, nesse momento que ela falou, não me doeu, porque eu enxergava ela como uma pessoa disposta a aprender e a corrigir. Não me doeu como racismo”, observou Thelma sobre a situação.

Thelma ao saber de sua vitória no “BBB20”! (Foto: Reprodução/TV Globo)

No entanto, ela compreende a indignação das pessoas perante a estes casos. “Estávamos em um programa com exposição, e o racismo pode ter doído sim nos meus seguidores, pode ter doído sim em outras pessoas, e eu não desmereço quem enxergou dessa forma. […] Não tem como subestimar a dor dessas pessoas. Em mim, eu enxergava ali, naquele momento, pessoas que estavam dispostas a evoluir e aprender com os erros, tanto que eu nem sinalizei pra ela isso, porque naquele momento eu não tive esse impacto. Eu não vi a Gizelly como uma pessoa racista, tanto que ela trabalha com a população carcerária, ela sempre levantou essa bandeira, então não enxergava isso nela de forma alguma”, afirmou.

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Apesar deste comentário, especificamente, não ter se sobressaído para Thelma, ela relembrou outro caso dentro do programa que lhe desagradou. “Tive outros momentos, não de racismo direcionado a mim, mas uma música que cantaram e eu falei: ‘nossa, que música horrorosa!’. Estavam a Ivy e o Daniel uma vez cantando na sala. E é isso. Infelizmente, o racismo estrutural existe, e cabe a nós apontar, mas eu acho que tem algumas pessoas, como nesse caso da Gizelly, que erram. Pode doer sim, não dá pra subestimar a dor das outras pessoas, mas acho que não foi a intenção dela naquele momento”, concluiu.

Toda a glória de Thelma Regina, Brasil! (Foto: Globo/Artur Meninea)

Ainda no tópico, Thelma comentou a importância de sua vitória um ano após a vencedora do  “BBB19”, Paula von Sperling, ter sido coroada. Como muitos lembram, vários comentários de Paula dentro do reality foram apontados como racistas pelo público. “O que aconteceu no ano passado, foi o que eu falei, os racistas que se entendam judicialmente, que paguem suas contas judicialmente. Não tenho como taxar ninguém de racista, quem ganhou no ano passado, também não subestimo a dor de quem sentiu racismo nas falas dela. Mas esse ano eu fui, mostrei minha história, e fiquei muito feliz que as pessoas se sentiram representadas”, afirmou.

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Outra polêmica ao longo do jogo foi o fato de, algumas vezes, participantes como Flayslane terem chamado Thelma de “planta” — algo sem sentido, já que a médica se posicionou em diversos momentos do confinamento. Sobre isso, ela fez uma análise: “Foi uma edição com 20 pessoas de perfis conflitantes, 20 pessoas completamente diferentes, e uma coisa que eu percebi, e que me incomodava muito dentro desse jogo, é que algumas pessoas gostavam muito de rotular as outras. Em uma edição em que tinham convidados, inscritos, ‘ah, os convidados são fortes. Ah, quem tem 8 milhões de seguidores é forte’. Gente, quem disse, quem rotulou? A gente tá dentro de um jogo. Se colocaram 20 pessoas lá, é porque as 20 pessoas tem condições de brigar de igual para igual dentro desse jogo. Então não vamos ficar rotulando ninguém”. Em seguida, ela se referiu a atitudes que a cantora da dupla Lane e Mara tomou na casa. “Algumas pessoas acharam que tomar água da piscina, que ficar dando cambalhota na grama sintética, não era ser planta, que foi o que eu falei em um dos meus discursos de Jogo da Discórdia. Eu vou ressignificar a planta então. A minha estratégia é essa, eu sou assim na minha vida. Eu observo as pessoas e escolho as pessoas que eu quero estar do lado. Eu fiz isso no jogo, e se fui considerada como planta, se fui tida como sem chance nenhuma de ganhar, um beijo! É a planta comigo ninguém pode, como disseram. Sem soberba, pelo amor de Deus!”, acrescentou rapidamente.

Thelminha, que foi líder duas vezes dentro do jogo, falou da importância de sua vitória na “prova do sapo”, logo após voltar de seu primeiro paredão, contra Babu e Gabi — que eliminou a cantora. De acordo com a vencedora do reality, este foi um dos momentos mais especiais no confinamento, além da prova de resistência de 26 horas. “Aquela virada eu não estava esperando, porque eu sou péssima em mira. […] Foi um momento de superação. Ir para um paredão, principalmente o primeiro paredão, a gente não sabe o que está acontecendo aqui fora. É uma sensação de julgamento. O Tiago até falou isso em um dos discursos, a gente se sente nu, ajoelhado na grama sintética, falando ‘gente, pelo amor de Deus, me deixem ficar’. E era essa a sensação que eu tinha durante os dois dias em que eu estava sendo votada”, relatou. E acrescentou: ‘Então, voltar de um primeiro paredão sofrido — porque eu tava com o Babu e a Gabi, que era uma menina que eu me dava bem no jogo e gostava muito dela, a gente convivia muito bem. Voltar e pegar a liderança, foi um dos momentos de superação mais importantes com certeza”.

Thelma, Rafa e Manu: as finalistas do “BBB20”. (Foto: Globo/Artur Meninea)

O “BBB20” não só teve muitos momentos marcantes, como foi uma edição bastante especial por todas as pautas que levantou ao longo de três meses, como machismo, racismo, assédio. Para Thelma, é motivo de orgulho ter feito parte disso. “Uma edição que levantou essas bandeiras, e o mais legal, foi levantado de uma forma muito genuína, porque a gente tava agindo lá dentro de encontro com tudo que a gente acredita. Numa edição que teve muito VT, as bandeiras e pautas que foram levantadas não foram VTs. Foram num lugar de fala de tudo que a gente sentia mesmo. Então, muito orgulho de fazer parte disso”, revelou. Para Thelma, ter conseguido alcançar o coração das pessoas e passar sua mensagem, é algo que só lhe faz agradecer: “Não me considero exemplo pra ninguém, mas se eu consegui servir de incentivo pra uma pessoa, eu já me sinto completamente lisonjeada. E sair e ter noção da proporção que isso tomou, eu estou em êxtase. Quero ajudar, incentivar e empoderar toda a mulherada, todo o pessoal que levantou essa bandeira, que honrou a minha história lá dentro. Estou muito grata e muito lisonjeada”.

Thelma também garantiu que, do jogo, quer manter contato com Manu Gavassi, Rafa Kalimann, Gabi Martins e Babu Santana: “Acho que já tá bom no meu ‘kit BBB’ pra vida”.