BBB21: No ‘Encontro’, Fátima Bernardes faz discurso importante sobre caso de racismo com João Luiz: ‘A gente não pode medir a dor do outro pela nossa dor’; assista

O desabafo feito por João Luiz nessa segunda-feira (5), durante o Jogo da Discórdia, repercutiu dentro e fora da casa do “BBB 21”. O brother foi às lágrimas ao expor um comentário racista de Rodolffo, que comparou a peruca da fantasia do monstro – um homem das cavernas – com o cabelo do professor. O músico, por sua vez, tentou se justificar, alegando que se tratava apenas de uma “brincadeira. O delicado assunto, inclusive, virou pauta do “Encontro com Fátima Bernardes” dessa manhã (6).

Muito sensata, a apresentadora deu sua opinião sobre o caso após exibir vídeos de Camilla de Lucas ensinando o sertanejo, de maneira didática, sobre o porquê das falas serem inaceitáveis. “É muito recorrente, né? A Camilla já falou disso mais de uma vez, o João, a Lumena, várias pessoas falaram disso durante o jogo. Eles ficam cansados. ‘Ah, mas me explica’, ‘me diz quando eu tiver errado’. Só que, para várias outras coisas na nossa vida, a gente não fica pedindo para alguém explicar toda hora. A gente vai atrás, corre atrás de informação”, ressaltou Fátima.

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“Acho que é isso que falta, assumir uma postura de comando sobre o que a gente quer falar, dizer, saber. Se a gente não corre atrás de se informar, vai continuar fazendo tudo errado, esperando que a pessoa tenha a coragem e a disposição de dizer: ‘Olha, você está errado’. Não, somos nós que temos que correr atrás disso. A gente é que tem que estudar, ver o que está fazendo de errado e o porquê. Os tempos mudaram”, prosseguiu.

Questionada pelo apresentador do “É de Casa”, Manoel Soares, a jornalista ainda disse que ao ver situações como essas, se coloca no lugar do oprimido, buscando entender a dor do outro. “Eu sempre procurei me informar, ver por que as coisas mudaram e como precisam mudar muito mais. Acho que a Camilla tocou num ponto que é muito importante. Já passou desse momento das pessoas negras terem que explicar por que ficaram magoadas. Muitas vezes, não magoa uma pessoa, mas magoa outra. Esse não é o parâmetro. A gente não pode medir a dor do outro pela nossa dor”, pontuou.

Manoel, que tem toda propriedade para falar sobre o tema, também fez ressalvas importantíssimas para conscientizar o público. “É preciso entender o contexto. Quem usa o cabelo black, como eu já usei, sofre dois tipos de racismo: o racismo recreativo, que é o que o Rodolffo fez comparando o visual do João ao de uma peruca de uma fantasia, naturalizando a dor do outro; e o racismo animalizante, que é tornar a pessoa menos humana, comparando-a a um macaco, por exemplo”, explicou.

Em suas justificativas, Rodolffo avisou que o cabelo de seu pai era “igualzinho” ao de João e que por isso não diria algo que machucaria o próprio parente intencionalmente. “É de uma covardia sem limites usarmos pessoas próximas a nós para advogarmos a favor do nosso equívoco e quase do nosso crime. Não estou torcendo a favor nem contra Rodolffo no jogo que está acontecendo”, ressaltou o apresentador.

“Estou dizendo que o que ele fez é uma atitude socialmente imoral, mas ele é só um sintoma, uma molécula de uma pandemia de supremacia racial que está viva hoje. O que a pessoa de pele branca precisa entender é que existem feridas abertas que dependem da maturidade de pessoas que precisam ter o mínimo de empatia e senso humanitário”, encerrou Soares. Assista a um trecho: