Recentemente, os resultados da Netflix deixaram a desejar. Após uma queda na quantidade de assinantes, a gigante do streaming se tornou alvo de uma ação judicial de seus próprios acionistas.
Segundo informações divulgadas pelo The Hollywood Reporter, nesta quarta-feira (4), os investidores da plataforma alegam que a Netflix “minimizou o impacto do compartilhamento de contas, o que aumentou a concorrência de outros serviços de streaming e as dificuldades para reter usuários“. Na queixa, apresentada na última terça-feira (3) no tribunal federal da Califórnia, os investidores processaram o streaming por ser “excessivamente otimista sobre suas perspectivas de negócios“, enganando-os sobre aspectos do mercado.
“Como resultado de atos ilícitos e omissões dos réus (Netflix e executivos da empresa), e do declínio vertiginoso no valor de mercado dos títulos da Companhia, o Autor e outros membros da Classe sofreram perdas e danos significativos”, disse o documento redigido pelos advogados dos acionistas. O processo aponta, ainda, que o preço das ações da Netflix caiu por volta de US$ 110 (o equivalente a R$546) ou 21% desde outubro último.
Os co-CEOs da empresa, Reed Hastings e Ted Sarandos, e o diretor financeiro Spencer Neumann, foram mencionados na ação judicial. Segundo os acionistas, Neuman alegou, no fim do ano passado, que “durante o trimestre, o negócio permaneceu saudável como esteve ao longo do ano, com a taxa de cancelamento em níveis baixos“. Ele acrescentou que a administração da empresa esperava continuar a “retenção saudável” de assinantes e, em seguida, uma aceleração neste número devido à reabertura inicial do mercado após a pandemia.
O serviço de streaming também tinha como meta ganhar 2,5 milhões de assinantes no início de 2022 – marco que não foi atingido. Em janeiro de 2022, a Netflix revelou que “superestimou adições líquidas pagas no quarto trimestre“. “A aquisição [de novos inscritos] estava crescendo, apenas não crescendo tão rápido quanto talvez esperávamos ou prevíamos”, argumentou o diretor.
No balanço divulgado em 19 de abril, a Netflix revelou a perda de 200.000 assinantes durante seu trimestre mais recente. Esta foi a primeira vez em anos que o serviço de streaming não aumentou sua base de usuários. A empresa atribuiu o prejuízo à lentidão atual da economia após a pandemia, bem como à concorrência cada vez mais acirrada contra outras plataformas e, também, à guerra na Ucrânia.
Em recente carta aos acionistas, a Netflix disse que teria conquistado cerca de 500.000 novos usuários, caso não tivesse suspendido o serviço na Rússia. Além disso, o streaming os alertou sobre uma possível queda superior a 35% em suas ações na Bolsa de Valores de Nova York e ainda que espera perder outros 2 milhões de assinantes no próximo trimestre.
“Como resultado dessas declarações materialmente falsas, enganosas e/ou com falhas na divulgação, os títulos da Netflix foram negociados a preços inflacionados artificialmente”, reforçaram os advogados. A ação busca indenização para investidores que negociaram ações da gigante do streaming entre 19 de outubro de 2021 e 19 de abril de 2022.