Nesta quinta-feira (17), o jornalista Erick Rianelli foi atacado pela defensora pública Cláudia Alvarim Barrozo, denunciada por injúria racial contra dois entregadores. O repórter da Globo Rio estava trabalhando na saída do Fórum de Niterói, cobrindo o caso, quando foi xingado pela mulher e pela filha, que tentaram impedir a gravação da matéria. Além de Erick, o repórter Raoni Alves, do g1, também foi alvo do ataque.
As imagens, que repercutiram nas redes sociais, mostram que Cláudia conseguiu atingir o rosto de Erick, quando deu um tapa no telefone celular que ele usava para filmar. O repórter ficou com um ferimento no nariz e teve os óculos danificados ao caírem no chão. Ela ainda tentou dar um chute em Raoni, mas não acertou o jornalista. De acordo com o g1, além das agressões, a mulher ofendeu outras pessoas, se jogou no chão e derrubou uma placa na saída do local.
A filha da defensora, Ana Cláudia Barrozo Azevedo, também se envolveu na confusão e ofendeu outros profissionais de imprensa, dizendo que era “filha de diplomata” e exigindo que os jornalistas parassem de filmar. Em certo momento, ela se aproxima e derruba o aparelho celular da mão de um deles. “Não pode filmar”, diz ela. Do lado de fora, Ana Cláudia também teria discutido com pessoas que chamaram sua mãe de racista. Ambas foram contidas pelos advogados, que ainda precisaram cobrir a boca da acusada durante todo o trajeto.
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A defensora pública Cláudia Alvarim Barrozo, que chamou um entregador de macaco, agrediu jornalistas na saída do Fórum de Niterói, no Rio. A filha dela jogou no chão o celular e o óculos do repórter Erick Rianelli, da Globo. Cláudia precisou ser contida pelo advogado @sbtrio pic.twitter.com/hmmUToesaA
— Diego Sangermano (@disangermano) November 17, 2022
A audiência do caso foi suspensa, depois que os advogados de defesa da mulher solicitaram uma perícia técnica para verificar a veracidade do vídeo apresentado como prova de que ela teria ofendido os entregadores. Com isso, a próxima etapa do processo deve ser marcada em breve, quando a juíza finalizará o julgamento e decidirá a sentença.
Em nota ao g1, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro repudiou as agressões. “Ataques a jornalistas no exercício profissional configuram uma agressão à própria democracia e não podem ser normalizados. A Defensoria também reafirma seu integral apoio e solidariedade aos entregadores vitimados por racismo, episódio que motivou a audiência, e reconhece o racismo institucional que permeia sua estruturação e funcionamento”, diz o comunicado.
“Por este motivo, comprometeu-se com a sociedade fluminense, a partir da criação da Coordenação de Promoção de Equidade Racial, uma instância de governança dedicada exclusivamente a combater a realidade do racismo institucional e semear um olhar antirracista na assistência jurídica. Sabemos que temos um longo caminho a percorrer para a transformação da cultura institucional e para consolidar práticas antirracistas no acesso à justiça, mas seguiremos firmes na defesa da igualdade e justiça racial”, conclui a nota.
Na manhã desta sexta (18), Erick falou sobre o caso e relatou ter feito um boletim de ocorrência. “Não sei o que motiva o ódio. Esse sentimento não faz parte da minha vida. Como cidadão e jornalista, fiz a minha parte. Fui à delegacia, relatei o que aconteceu. Recebi um tapa e uma chuva de carinho. Obrigado a todos pelas mensagens e pela preocupação. Sei que não estou sozinho“, publicou no Instagram.
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Nas redes sociais, Pedro Figueiredo, também repórter da Globo e marido de Erick, informou que Rianelli passa bem após o episódio. “Todo dia, ao sair para trabalhar, você espera voltar para casa em segurança, com sua integridade física preservada. E que o mesmo ocorra com quem você ama. Hoje o Erick foi agredido durante seu trabalho”, escreveu.
A senhora Anna Claudia Alvear Barrozo Azevedo desrespeitou não só o trabalho da imprensa, como a lei. Lesão corporal é crime. Felizmente foi leve e o Erick está bem. Mas, como marido e colega de trabalho, não posso achar normal situações como essa. Espero que a Polícia Civil, assim que provocada, faça a sua parte”, finalizou.
… não só o trabalho da imprensa, como a lei. Lesão corporal é crime. Felizmente foi leve e o Erick está bem. Mas, como marido e como colega de trabalho, não posso achar normal situações como essa. Espero que a @PCERJ, assim que provocada, faça a sua parte https://t.co/QzceZzp8oJ
— Pedro Figueiredo (@pedfig) November 17, 2022