Alerta polêmica! Na última sexta-feira (25), a aguardada série “Bridgerton” finalmente estreou no catálogo da Netflix. O lançamento já é considerado um grande sucesso — no Brasil, por exemplo, o programa ocupa o segundo lugar dos títulos mais assistidos nesta segunda (28). Mas, junto com o buzz positivo, a produção tem sido alvo de muitas críticas por conta de uma cena de sexo específica, que foi interpretada por alguns como um estupro sendo romantizado pela trama. Em entrevista ao site Entertainment Weekly, o showrunner Chris Van Dusen explicou e defendeu o motivo para incluir a sequência na temporada.
[Alerta Spoiler! Este post contém spoilers do sexto episódio da primeira temporada de “Bridgerton”, e do livro “O Duque e Eu”, de Julia Quinn.]
Na série, o casamento de Daphne (Phoebe Dynevor) e Simon (Regé-Jean Page) enfrenta uma grande crise, após a moça descobrir que o marido não foi completamente sincero a respeito de sua fertilidade. O duque alegou que não poderia ter filhos, mas a grande verdade é que ele não quer ter herdeiros por conta de um juramento feito no leito de morte de seu pai. O intuito dele é encerrar a dinastia de sua família e vingar todos os maus tratos que sofreu ao longo da vida.
Quando Daphne descobre como um filho realmente é gerado, ela percebe que o marido a está “passando para trás” durante as relações sexuais. Sendo assim, no sexto episódio do programa, o casal inicia uma transa e, dessa vez, a duquesa inverte sua posição na cama e fica em cima de Simon, o que impossibilita o rapaz de praticar o método contraceptivo que conhecemos hoje como coito interrompido.

Como se sabe, a primeira temporada de “Bridgerton” é baseada no livro “O Duque e Eu”, da autora Julia Quinn. Na obra, a tentativa de Daphne para “desmascarar” o marido é ainda mais problemática e já vista com maus olhos pelos leitores… Durante a transa, o duque de Hastings está bêbado, e como sabemos, tal prática é considerada em nossa sociedade um crime de estupro de vulnerável.
Nas redes sociais, a cena na série gerou reações diversas, mas em sua maioria, criticando a postura de Daphne. “A Daphne estuprou sim. Amenizar a cena não adiantou a p*rra de nada, continuou sendo estupro”, reclamou uma internauta. “Quando vocês vão entender que o problema da questão não é a cena de estupro? É A P*RRA DA ROMANTIZAÇÃO QUE VEM DEPOIS. O SIMON (A M*RDA DA VÍTIMA) pede desculpas. A DAPHNE (A DESGRAÇADA QUE ESTUPROU) se faz de coitadinha por ele ter ‘mentido’ (que pra mim nem é mentira)”, avaliou outro perfil.
A Daphne estuprou sim. Amenizar a cena não adiantou a porra de nada, continou sendo estupro.
— ceci|📚:todas as suas imperfeições (@brdgrttan) December 26, 2020
quando vcs vao entender que o problema da questão não é a cena de estupro? É A PORRA DA ROMANTIZAÇÃO QUE VÊM DEPOIS CARALHO
o SIMON (A MERDA DA VÍTIMA) pede desculpas
a DAPHNE (A DESGRAÇADA Q ESTUPROU) se faz de coitadinha por ele ter "mentido" (q pra mim nem eh mentira)— aline🦅📖 os bedwyns³ (@rhysorian) December 27, 2020
Eu gostei dos bridgertons não vou mentir, achei a série sensacional, gostei da daphne mas aquela cena não da pra passar pano e peguei ranço dela depois
Se fosse vcs transando com alguém essa pessoa tá usando camisinha e no meio ela tira sem te falar vcs iam gostar?
É ESTUPRO
— 𝒃𝒂𝒓𝒃 ☾ matou a era clean (@nightoflowers) December 26, 2020
me disseram que a cena do estupro foi mais "aliviada" porém ainda continua
CARA NEM PRA SHONDA TIRAR ESSA CENA??? ELA NÃO VIU QUE AQUILO FOI ERRADO??? COMO É QUE EU POSSO SHIPPAR SIMON E DAPHNE SE O ESTUPRO AINDA EXISTE???
— Raf¡nha¡☆! ⚔🦊 (@fendyrcarstairs) December 25, 2020
EXATAMENTE, A DAPHNE É PODRE, A ESCRITORA IGUALMENTE
o pior é que criticam quem compra hp e não piscam antes de dar dinheiro para uma mulher que romantizou estupro e culpou a vítima duas vezes, vocês são hipócritas de primeira https://t.co/UKpIquocrw— aza was galaxy (theserenaclarke) (@corruptsdolly) December 25, 2020
falaram que "amenizaram" a situação da daphne mas não mudaram como ameniza uma situação de estupro caralh* me ajuda aí pic.twitter.com/5x3PIBj34L
— leti.🦋 (@vaughnlens) December 25, 2020
Entendam que TODO O FANDOM DE BRIDGERTONS sabe o quanto a cena do estupro foi problemática e que ninguém concorda ou passa pano pra Daphne
Para de querer lacrar
— letícia carter bridgerton 🐝🐱 (@lleticiabridg) December 27, 2020
pra mim essa frase aqui da lady whistledown foi sobre o ESTUPRO do simon, cometido pela DAPHNE que é uma ESTUPRADORA. pic.twitter.com/H5jdankaIj
— amália (@adrianivashkoiv) December 26, 2020
sério que tem gente passando pano pra daphne? ok gente vamos lá
se o cara nao quer engravidar e toda vez que vocês transam ele goza pra fora POR QUE NAO QUER ENGRAVIDAR e dai voce assume o controle da situação e FORÇA eu repito >>FORÇA<< ele a gozar dentro de voce
é estupro.— gi 🐝 (@herongrstairs) December 26, 2020
No entanto, vale a pena ressaltar que o livro de Quinn foi publicado no ano 2000, e a trama se passa no período regencial londrino. Logo, tais reflexões não eram tão amplamente discutidas e defendidas, ou sequer existentes. Com a estreia de “Bridgerton”, o público questionou a decisão de Chris Van Dusen em trazer tal sequência para a série, tendo em vista que essa discussão é tão presente e importante atualmente. Para a Entertainment Weekly, ele frisou que a cena foi muito discutida pela equipe de produção.
“Tivemos muitas conversas sobre esse incidente específico no livro. Eu sempre chamei essa primeira temporada do show, se tivesse um subtítulo, seria, ‘A Educação de Daphne Bridgerton.’ Esse incidente realmente está de acordo com o resto da história — o tema abrangente em que ela começa como uma debutante inocente, de olhos arregalados e perfeitos. E nós a vemos crescer e se tornar essa mulher que consegue se livrar de todas as restrições que a sociedade a impôs, e ela finalmente descobre quem ela realmente é e do que é capaz”, avaliou.
O produtor ainda argumentou que, apesar de reconhecer o quão impactante a cena poderia ser e despertar sentimentos diversos nos telespectadores, a sequência precisava ser mantida na história. “É uma parte da jornada dela. E discutimos muito sobre como abordar e como lidar com isso”, refletiu.