Marcelo Adnet concedeu uma entrevista, publicada nesta sexta-feira (10), para a “Veja”, na qual revelou e se abriu, pela primeira vez publicamente, sobre dois abusos sexuais que sofreu na infância, aos sete e aos onze anos. O humorista deu detalhes sobre o ocorrido e o impacto que isso teve em sua vida.
Na conversa, Adnet foi questionado sobre alegações de que seria machista. “Como grande parte dos brasileiros, fui educado com base em padrões que hoje não são mais aceitos. É claro que já devo ter sido machista, mas acredito que muito menos do que a média. E isso, certamente, tem a ver com traumas que sofri”, afirmou ele.
A repórter, então, perguntou quais eram esses traumas e o comediante decidiu se abrir sobre o assunto. “Fui abusado sexualmente duas vezes, aos 7 e aos 11 anos. Na primeira, nem sabia o que era sexo. O caseiro do lugar onde eu passava as férias começou a se aproximar de mim e pedir favores”, relembrou ele, dando mais detalhes sobre o que aconteceu.
“Ele me chantageava dizendo que, se contasse algo a qualquer pessoa, meu cachorro morreria. Eu era muito ingênuo. Um dia, quando só estávamos eu e ele em casa, foi para cima de mim. Senti uma dor imensa, mas durou pouco porque meus parentes, que tinham ido ao mercado, voltaram para buscar a carteira”, desabafou.
O segundo abuso aconteceu quatro anos depois por outro homem. “Mais tarde, o pesadelo se repetiu com um amigo mais velho da família. Ele não chegou a consumar o ato, como o caseiro, mas me beijou e passou a mão no meu corpo. Foram dois episódios difíceis”, lamentou Adnet.
O astro demorou, pelo menos, 17 anos para falar sobre o que havia acontecido. “Para se ter uma ideia, só depois da morte desse conhecido da casa, há cerca de dez anos, consegui contar à minha família”,declarou.
Ele finalizou, afirmando que fez “anos de análise” para entender que não precisava se sentir constrangido pelo fato. “Hoje, já falo de maneira natural porque entendi, após anos de análise, que o constrangimento não é meu, e sim de quem me abusou. O que fica disso é o susto, o trauma, a desconfiança”, concluiu.