Casal de professores é impedido de tomar vacina usando camisa contra Jair Bolsonaro: “Decisão autoritária”; saiba detalhes

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Democracia?! Nesta terça-feira (13), o casal de professores Luiz Carlos e Dirlene Barros de Oliveira foi impedido de tomar a vacina contra o coronavírus em um quartel do Corpo de Bombeiros, no Rio de Janeiro. O motivo?! Na ocasião, os dois usavam uma camisa contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido). O caso chegou ao conhecimento do secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio), coronel Leandro Monteiro, que prometeu abrir uma sindicância para apurar o ocorrido.

Na camisa de Luiz e Dirlene estava escrito: “A segunda dose da vacina nos livra da Covid-19. O que nos livrará dos Bolsovírus será o impeachment ou o seu voto em 2022”. Segundo o professor, enquanto ele e a esposa aguardavam na fila, um militar alertou que, seguindo as ordens dadas pelo comando, os dois não poderiam tomar a vacina usando aquela peça de roupa.

“De acordo com o soldado bombeiro que nos comunicou sobre a ordem, que foi muito gentil e educado, a determinação do comando é essa. Há um medo evidente entre os soldados bombeiros envolvidos no processo de vacinação daquela Corporação. As ameaças de inquérito e prisões contra aqueles que descumprirem a ordem devem ser muito enfatizadas pelo comando”, avaliou Luiz Carlos em entrevista ao jornal O Dia. Para o portal G1, o professor acrescentou ainda que os cartazes com mensagens políticas também foram proibidos.

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A solução para “não perder a viagem” foi vestir a camisa do lado avesso. “É uma decisão autoritária, que não tem sustentação nenhuma. Eles avisaram que se alguém visse algum tipo de manifestação política no momento da vacinação, o soldado que estivesse ali poderia ser preso por até 30 dias. Todos falavam a mesma coisa e aparentavam ter muito medo”, lamentou Luiz Carlos sobre os motivos que fizeram com que ele e a esposa aceitassem o pedido.

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Casal de professores vestia camisa contra o governo de Jair Bolsonaro na hora da vacinação. (Foto: Reprodução)

Para o professor, a censura é resultado de uma queda vertiginosa na popularidade do governo bolsonarista, que está cada vez mais envolvido em polêmicas e denúncias de corrupção. Até porque, quando Luiz Carlos e Dirlene estiveram no mesmo quartel, localizado na Barra da Tijuca, para tomarem a primeira dose da vacina, eles também usaram camisas contra Bolsonaro e não tiveram nenhum problema. Agora, o clima é completamente outro…

Ainda segundo os relatos de Luiz Carlos, na saída do posto de vacinação, Dirlene decidiu fazer uma foto dos dois usando a camisa, mas foram abordados por um outro militar. “Já fora das dependências do quartel, a minha esposa quis tirar uma foto já com as camisas do lado normal. Mas um bombeiro que estava do lado de fora disse para que a gente tirasse a foto do outro lado da rua, porque ali também era área militar e daria problema para ele”, revelou o professor.

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Sindicância

Em nota enviada ao jornal O Dia, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros (CBMERJ), coronel Leandro Monteiro, garantiu que trata-se de um caso isolado e que irá tomar as medidas necessárias para apurar o que aconteceu. “O secretário de Estado de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ), coronel Leandro Monteiro, esclarece que é a favor da liberdade de expressão e garante que o fato ocorrido no Grupamento de Busca e Salvamento (GBS), na Barra da Tijuca, foi isolado. Informa ainda que a corporação vai abrir uma sindicância para apurar os fatos”, escreveu.

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Luiz Carlos precisou virar a camisa do avesso, enquanto a esposa usou um top que estava por baixo da peça. (Foto: Reprodução)

“O CBMERJ lamenta o ocorrido e reitera que não existe uma determinação oficial do comando da corporação que proíba este tipo de manifestação por parte de civis em nenhum dos quartéis que abriram as portas para a vacinação. O Corpo de Bombeiros RJ reforça a importância da imunização contra a Covid-19 e informa que já vacinou mais de 78 mil cidadãos fluminenses. Desde o dia 18 de março, a corporação disponibilizou três unidades em apoio à campanha de enfrentamento à pandemia”, finalizou o texto.

Para o UOL, a Secretaria Municipal de Saúde do Rio reiterou que os postos de vacinação em unidades do Corpo de Bombeiros são de responsabilidade do Estado, mas ainda assim repudiou a censura imposta. “A SMS-Rio já aplicou mais de 4,6 milhões de doses de vacinas contra covid-19 e, até o momento, não há qualquer tipo de queixa ou registro de censura em suas unidades“, declarou em nota.

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Repercussão

O caso veio à tona com uma publicação feita por uma conhecida do casal, identificada como @vivian_fxs, no Twitter. “Este senhor é amigo do pai de duas amigas. Ele e a esposa foram tomar a segunda dose da vacina da Covid no corpo de bombeiros da Barra da Tijuca, RJ, e o comandante está proibindo as pessoas de se vacinarem com manifestações contra o governo Bolsonaro, como camisetas e cartazes. Eles foram obrigados a retirar a camiseta ou vestir do avesso para serem vacinados”, escreveu.

O post já tem 15 mil curtidas, 4 mil compartilhamentos e diversos comentários indignados. “Aí está uma boa oportunidade para instalar uma barraquinha de venda de camisetas na esquina mais próxima do corpo de bombeiros”, ironizou Luciano Cerentini. “Isso não pode ficar assim! Estamos em uma ditadura! Espero que tome providências e puna rigorosamente quem atenta contra o povo!”, reclamou Rithielle Rose. “Novidade inaceitável. Quando me vacinei, nas 2 vezes no Planetário da Gávea, eram muitas as manifestações contra o Governo Federal”, destacou Neli Souza.