Caso Henry: Irmã de Dr. Jairinho afirma à polícia que vereador mudou versão do caso após resultado da necrópsia; saiba detalhes

Nesta semana, a irmã do vereador Dr. Jairinho, Thalita Fernandes Santos, prestou depoimento à Polícia Civil no inquérito que investiga a morte de Henry Borel. De acordo com o UOL, a fisioterapeuta afirmou que o político mudou sua versão sobre o que aconteceu com o menino após a divulgação do laudo da necropsia.

Segundo o relato de Thalita, Jairinho teria dito inicialmente que Henry passou mal, por isso, ele e Monique Medeiros, mãe do menino, o levaram ao hospital. “Perguntada se indagou ao seu irmão sobre o que havia ocorrido, respondeu que sim e que Jairinho lhe respondeu que não sabe o que aconteceu, pois estava dormindo; Que Jairinho lhe disse apenas que Henry passou mal, eles levaram para o hospital e Henry faleceu“, disse em depoimento.

Segundo a irmã de Dr. Jairinho, o vereador mudou sua versão sobre a morte de Henry. (Foto: Reprodução/Record TV)

Já com o resultado dos exames do corpo da criança, o vereador teria alterado seu argumento, dizendo que o garoto tinha caído da cama. “Depois, quando o conteúdo do laudo de exame de necropsia veio a público pela imprensa, Jairinho lhe disse que acredita que tenha sido uma queda, porém reafirmou que estava dormindo e que não sabe ao certo o que aconteceu”, afirmou a irmã do vereador à polícia.

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Thalita também entrou em contradição com o depoimento da babá de Henry, Thayna Ferreira, ao dizer que não havia recebido informações da funcionária. A cuidadora do menino, por sua vez, relatou que contou para a irmã de Jairinho que a criança sofria agressões. Ela acrescentou que a fisioterapeuta teria lhe interrompido e dito “para a declarante [Thayna] não ser juíza do caso do irmão dela, que ‘menos é mais’, dando a entender que não era para a declarante falar tudo que sabia, que todos já estavam sofrendo muito”.

A irmã de Jairinho disse não ter sido informada pela babá do garoto – o que vai de encontro ao depoimento da cuidadora. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em seu depoimento, a irmã de Jairinho alegou não ter perguntado para Monique sobre a morte do garoto. Ela também afirmou à polícia que nunca soube das supostas agressões do vereador contra outras crianças, nem que ele teria ficado trancado no quarto com Henry. A versão também vai de encontro ao que a babá havia declarado às autoridades.

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Thalita falou ainda sobre um encontro com a babá de Henry e a empregada doméstica, no escritório do advogado André França Barreto. Ela afirmou que “desconhecia que haveria uma entrevista televisionada”, e que o advogado teria dito “que haveria no escritório, nesta ocasião, uma movimentação da defesa, com pessoas do convívio, para gravar e enviar vídeos em defesa de Jairinho e Monique”.

A fisioterapeuta relatou que “nunca viu nada de anormal” na relação entre Jairinho e Henry. Ela também mencionou que seu irmão e Monique tinham desentendimentos “normais como qualquer casal”. Segundo Thalita, a mãe do garoto explicou que o levava ao psicólogo porque a criança estaria com dificuldade em aceitar o novo relacionamento dela com o político.

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Thalita ainda deu detalhes de uma viagem do casal para Mangaratiba (RJ), no Carnaval. De acordo com ela, Monique e Jairinho discutiram antes de partirem e o político cogitou desistir do passeio, mas ele mudou de ideia. A fisioterapeuta disse que estava presente e que Henry chegou no dia seguinte, ficando cerca de dois dias no local. Questionada pela polícia se houve algum desentendimento com a criança e a mulher, a fisioterapeuta “respondeu que não, até onde é de seu conhecimento”.

Entenda o caso

Em coletiva de imprensa realizada no dia 8, a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou que a babá do menino Henry Borel, morto no dia 8 de março, avisou à mãe da criança, a professora Monique Medeiros, que o garoto vinha sofrendo uma “rotina de violência” por parte do vereador Dr. Jairinho, namorado dela. Em um primeiro depoimento, Thayná de Oliveira omitiu informações a pedidos da pedagoga, mas voltou atrás após as autoridades encontraram trocas de mensagens, nas quais ela alertava a patroa sobre as agressões.

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Além da babá, Leila Rosângela de Souza Mattos, doméstica que trabalhava para o casal, também sabia de episódios de agressão a Henry. Embora o inquérito ainda não tenha sido concluído, a polícia acredita que o menino foi assassinado, e aponta Jairinho e Monique como suspeitos de homicídio duplamente qualificado – com emprego de tortura e impossibilidade de defesa da vítima.

A polícia afirma que Dr. Jairinho teria praticado pelo menos uma sessão de tortura contra o enteado, semanas antes da morte da criança. Ainda segundo as investigações, Monique sabia de agressões, pelo menos, desde fevereiro. No dia 12 daquele mês, o vereador teria se trancado no quarto do apartamento onde o casal vivia e agredido o menino com chutes, rasteiras e golpes na cabeça. Confira a íntegra das conversas da babá de Henry com a mãe do garoto, clicando aqui.

De acordo com a polícia, o pequeno Henry Borel teria passado por uma sessão de tortura na casa de sua própria mãe e de seu padrasto, o vereador Dr. Jairinho. (Foto: Reprodução)

Na manhã do dia 8 de abril, Jairinho e Monique foram presos, suspeitos não só por homicídio, como também por ameaçarem testemunhas e atrapalharem as investigações. Os mandados foram expedidos pelo 2º Tribunal do Júri, e o padrasto e mãe da vítima permanecerão detidos preventivamente por 30 dias. Até então, o vereador e a professora negavam qualquer envolvimento com o assassinato de Henry e alegavam que o óbito teria sido decorrente de um acidente doméstico. Segundo o jornal Metrópoles, ao chegar na delegacia o político disse que tudo não passava de uma “injustiça“.

Imagens do momento em que Dr. Jairinho e Monique foram presos no Rio. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Diante dos desdobramentos, a vereadora Teresa Bergher, membro do conselho de ética da Câmara, pediu que Jairinho fosse afastado do cargo de vereador do Rio de Janeiro. “[Ele] Precisa ser afastado imediatamente. Pela imagem da casa, pela credibilidade de cada um de nós vereadores e por respeito a esta criança vítima de um cruel assassinato e a toda a população que representamos”, afirmou ela ao G1.