O caso do “serial killer” de Brasília, Lázaro Barbosa, segue chocando o Brasil. Em reportagem deste domingo (4), o Fantástico, da TV Globo, reconstituiu o cerco final ao criminoso antes de sua captura e morte e compartilhou novos detalhes das investigações da Polícia Civil. O dominical divulgou, ainda, uma mensagem de voz encontrada no celular do fazendeiro Elmi Caetano Evangelista, de 73 anos, que comprova que o criminoso mais procurado do país recebeu ajuda durante os 20 dias de fuga.
Em entrevista ao programa, Rafaela Azzi, delegada-adjunta da Delegacia de Homicídios, apontou que a linha de investigação concluiu que Barbosa, suspeito de mais de 30 crimes cometidos em Goiás, Bahia e Distrito Federal, não agiu sozinho e que, por trás da chacina, havia uma organização criminosa. “A gente já levantou que pessoas importantes participam [da organização criminosa]. Nós temos empresários, fazendeiros, políticos…”, revelou.
Entre os suspeitos de integrar tal grupo, está o fazendeiro Elmi Caetano que, segundo a reportagem, escondeu Lázaro em uma de suas propriedades. Prova disso seria um áudio que a polícia encontrou no aparelho celular do fazendeiro. “Ele está dormindo lá naquele barraco onde a mãe dele morava”, disse Elmi na gravação. O registro foi reforçado, ainda, pelo depoimento do caseiro da fazenda, Alain Reis de Santana, que compartilhou que o criminoso dormiu no local em cinco das 20 noites nas quais esteve foragido e que fazia refeições com a autorização de Elmi. “Ele falava brincando, gritando mesmo, brincando, falava: ‘Lázaro! Vem, Lázaro! A comida tá pronta'”, contou o homem.
Ao programa, a polícia revelou, ainda, que Elmi já foi patrão da mãe de Lázaro e que, supostamente, seria o mandante da chacina na qual Barbosa assassinou, com tiros e facadas, o fazendeiro Cláudio Vidal e os dois filhos desse, Gustavo e Carlos Eduardo e ainda sequestrou, estuprou e matou a mãe da família, a empresária Cleonice Marques de Andrade.
“Considerando que havia um laço anterior, que o Lázaro já era conhecido do proprietário [da fazenda], e que na entrevista (no jargão da polícia, “entrevista” é uma conversa inicial sobre o caso) aquela família [assassinada] já devia um dinheiro a ele, nós não descartamos a hipótese de que ele tenha usado o Lázaro para cobrar a dívida e, não recebendo, [mandou] matar aquelas pessoas”, contou a delegada. “Exatamente [por isso, Lázaro teria conseguido o abrigo na casa do fazendeiro]. O abrigo vai além dele estar se solidarizando por conhecê-lo. Na verdade, é um vínculo muito mais que interior”, concluiu. Tanto Elmi Caetano quanto Alain Reis foram presos por suspeita de ter ajudado o foragido. No entanto, após audiência de custódia, Reis foi liberado e desde então tem colaborado com as investigações.
Novas evidências
Ainda à reportagem, a Polícia Civil revelou que, durante as buscas, Lázaro trocou tiros com policiais, fez três pessoas reféns e baleou outras quatro, entre elas, um policial militar. No período em que o homem esteve foragido, a força-tarefa responsável pela investigação recebeu cerca de 5.300 informações no disque-denúncia sobre o caso.
As autoridades reforçaram, ainda, que Barbosa mobilizou mais de 270 policiais e também a população do entorno de Ceilândia e de Goiás. Nos momentos que antecederam sua prisão, o fugitivo atirou contra a polícia, que revidou. Ele então foi atingido por mais de dez balas e chegou a ser socorrido com vida, mas não resistiu aos ferimentos. No boletim de ocorrência do caso, os policiais disseram ter atirado cerca de 125 vezes. De acordo com o documento, os disparos foram feitos por três armas de fogo, sendo duas pistolas e um fuzil.
Ao Fantástico, Rodney Miranda, secretário de segurança de Goiás, revelou que Lázaro “descarregou uma pistola, possivelmente 380, em cima dos policiais” e que por isso foi alvejado. “Não tivemos outra alternativa a não ser revidar”, avaliou. Miranda disse também que o serial killer foi encontrado com R$ 4.400 no bolso, o que reforça a ideia de que ele estaria recebendo alguma ajuda.Assista à reportagem na íntegra.