CPI da Covid: Contradições de Fábio Wajngarten, pedido de prisão e “quebra pau” entre Flávio Bolsonaro e Renan Calheiros marcam o dia — confira!

Cpi Covid Wajngarten

O ex-secretário especial da comunicação, Fábio Wajngarten, foi ouvido nesta quarta-feira (12) pela CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid. No entanto, seu depoimento foi marcado por acusações de mentira – o que é ilegal em uma CPI –, pedidos de prisão e até mesmo um “quebra-pau” entre o relator, Renan Calheiros, e o senador Flávio Bolsonaro.

Contradições e acusações de mentiras

A CPI investiga se houve falhas no enfrentamento da pandemia pelo governo de Jair Bolsonaro e, por isso, integrantes e ex-integrantes do governo têm prestado depoimentos. O de Wajngarten, entretanto, causou indignação dos senadores por uma série de contradições. Em dado momento, ele foi questionado sobre uma campanha da Secom, e afirmou que não estava trabalhando por volta de março do ano passado. “Fiquei internado em casa, por causa da Covid. Exatamente por isso não posso responder para a senhora”, rebateu ele.

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O que Fábio não esperava é que sua fala seria desmentida ali mesmo. O senador Rogério Carvalho recuperou uma transmissão ao vivo de Wajngarten com Eduardo Bolsonaro, em 13 de março do ano passado, na qual o então secretário deixa claro que estava trabalhando de casa. “Mesmo testado positivo, a vida segue. Eu tô trabalhando normal”, disse ele. Carvalho, então, acusou: “Vossa excelência mentiu nesta oitiva”.

Em outro momento que deu o que falar, Wajngarten foi questionado sobre as negociações de vacinas com a Pfizer, no ano passado. Ele negou que houve incompetência por parte do Ministério da Saúde nas conversas com a farmacêutica. Contudo, os próprios senadores mencionaram que ele estava ali na CPI principalmente por já ter dito em entrevista à revista Veja que houve, sim, incompetência.

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Diante das duas versões de Wajngarten sobre a mesma história, a Veja divulgou o áudio da entrevista em que ele deixava clara sua opinião sobre a questão. “Incompetência, incompetência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando na negociação e você tem do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é 7 a 1”, mencionou o ex-secretário na gravação.

Wajngarten teve de responder se teria tomado cloroquina na época em que teve Covid-19, mas negou, dizendo que essa hipótese “não existia” na época. “Eu peguei Covid em março. A palavra cloroquina não existia em março”, disse ele. Entretanto, ele foi novamente desmentido pelo senador Carvalho, que recordou que foi exatamente neste mês que Bolsonaro ordenou que o Exército aumentasse a produção do medicamento – mesmo que, desde aquela época, a Organização Mundial da Saúde alertasse que a eficácia não era comprovada, como já se sabe hoje.

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O ex-chefe da Secretaria de Comunicação também deu duas versões ao ser questionado sobre uma campanha com influenciadores promovendo um “tratamento precoce” para Covid-19. Inicialmente, ele negou que a Secom teria contratado tais personalidades. Mais tarde, uma reportagem da Agência Pública foi mencionada na CPI, mostrando que uma agência contratada pelo governo pagou influencers para falar sobre isso, e os medicamentos sem eficácia contra a doença. Então, após ser “pego no pulo” novamente, Wajngarten confirmou o valor de R$ 23 mil pagos e disse que as personalidades foram contratadas por “terem muitos seguidores”, de acordo com a BBC Brasil.

Pedido de prisão

Em meio aos bate-bocas, às acusações de mentiras e a falta de objetividade nas respostas de Wajngarten, senadores como Humberto Costa, Alessandro Vieira e Fabiano Contarato pediram pela prisão do ex-secretário. Mas foi o relator da CPI, Renan Calheiros, quem fez o pedido que se sobressaiu. “Vossa excelência [Wajngarten] mais uma vez mente, mentiu diante dos áudios agora publicados, mentiu por ter mudado a versão com relação a entrevista que deu e continua a mentir. Continua a mentir. Evidente que essa decisão vai ser do presidente dessa comissão, mas esse é o 1º caso de alguém que vem à comissão parlamentar de inquérito e em desprestígio da verdade, do Congresso, e da representação politica, mente”, disse o senador.

A decisão de decretar uma prisão caberia ao presidente da comissão, Omar Aziz. No entanto, ele pediu cautela e afirmou que não pediria a detenção de Wajngarten. “Não serei carceireiro de ninguém”, disse Aziz. Ele também acrescentou: “Estou salvando a CPI tomando essa decisão”. O senador respondeu que Wajngarten poderia ser indiciado posteriormente, caso tivesse, de fato, mentido – o que não parece restar dúvidas.

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Bate-boca entre Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro

Outro ponto polêmico da CPI foi quando Flávio Bolsonaro, filho do presidente da República, surgiu no plenário e fez uma incisiva participação. Enquanto senadores diziam que o depoimento de Wajngarten precisaria ser investigado pelo Ministério Público, Flávio defendeu o ex-secretário da Comunicação e disse que todos os outros que depuseram à CPI deveriam ser investigados. Foi então que ele iniciou um embate com Renan Calheiros.

“Imagina, um cidadão honesto ser preso por um vagabundo como Renan Calheiros”, disparou o filho 01 do de Bolsonaro. “Vagabundo é você que roubou dinheiro do pessoal”, retrucou Calheiros, enquanto os ânimos se exaltavam no local. Os dois seguiram trocando alfinetadas e Flávio acusou o relator de querer se promover através da CPI. “Quer aparecer… Vai se f*der”, concluiu ele. A sessão foi interrompida logo depois.