Estudante fica em coma após trote com mistura apimentada em Ouro Preto, e polícia investiga

Ayrton Carlos Almeida Veras passou 16 dias internado e voltou para o Maranhão com sequelas

Estudante Ouro Preto

O caso de um estudante de engenharia da Universidade Federal de Ouro Preto está sob investigação da Polícia Civil de Minas Gerais. Segundo o g1, um trote teria deixado Ayrton Carlos Almeida Veras em coma, após a ingestão de cachaça e de uma mistura de molho de soja e pimenta.

O rapaz saiu do Maranhão para estudar na cidade história no início deste ano. Após passar pelo trote durante uma festa, em agosto, ele foi levado por colegas para a Unidade de Pronto Atendimento com sintomas relacionados ao uso abusivo de álcool. No boletim de ocorrência da Polícia Militar ainda consta que a ingestão da bebida foi confirmada por uma testemunha.

De acordo com a publicação, o médico que atendeu Ayrton foi quem solicitou a presença das autoridades. Diante da gravidade do caso, o jovem precisou ser intubado e passou 16 dias internado, parte na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

“Eles dão uma pressão psicológica nos alunos, nos rapazes. Ele bebeu copos americanos, três copos americanos, cheios de cachaça, de pinga. Três copos americanos cheios de molho com óleo, molho de pimenta com molho shoyu. Eles deram um banho nele com balde de água gelada com pó de café. Ele apagou após o banho gelado e entrou em coma”, contou a mãe do rapaz ao Jornal Nacional.

Ainda segundo a mulher, os médicos relataram sinais de abuso sexual em Ayrton, mas a família ainda não recebeu os resultados dos exames e nem teve acesso ao boletim de ocorrência. A mãe também afirmou que tentou uma reunião com a reitoria da universidade, mas não obteve retorno.

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Em depoimento, Ayrton contou que era obrigado a realizar serviços pesados, além de sofrer xenofobia e ser motivo de piada entre os outros moradores da república. Após o ocorrido, ele trancou a matrícula na universidade e voltou para o Maranhão. A mãe dele relatou, ainda, que o rapaz sofre com crises de ansiedade, queda de cabelo, problema cardíaco e perdeu os movimentos de um pé.

“Eu não consigo mais voltar a falar. Até porque não vai ser confortável para mim, tanto emocionalmente como fisicamente. Somos obrigados a passar por cada humilhação, e eles acham normal, eles normalizam. Fiquei decepcionado. Eu quero que a UFOP tome atitudes, providências. Eu quero justiça. Não é o primeiro caso, são vários casos”, disse o estudante.

Ayrton voltou para a casa após o caso. (Foto: Reprodução/Globo)
Ayrton voltou para a casa após o caso. (Foto: Reprodução/Globo)

Com a repercussão, os integrantes da República Sinagoga, onde Ayrton morava, informaram que os fatos serão esclarecidos com as autoridades. “As supostas condutas que vêm sendo imputadas ao moradores divergem da realidade dos acontecimentos, que serão esclarecidos perante as autoridades competentes”, diz a nota.

“Todos agiram com o estrito espírito de irmandade que norteia a convivência republicana, adotando todas as medidas para conduzir o morador afetado ao hospital, preservando sua integridade física e sua vida, bem como dando todo o suporte à família. A República Sinagoga repudia veementemente a prática de trotes e quaisquer abusos na comunidade acadêmica, reiterando seu compromisso com as regras institucionais do sistema republicano”, concluiu o comunicado enviado ao g1.

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A UFOP, por sua vez, afirmou que foi aberta uma comissão disciplinar e que o trote pode resultar em advertência, suspensão ou expulsão dos estudantes envolvidos.

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