O Brasil se comoveu nesta semana com a morte do influencer Jesse Koz e seu cãozinho, Shurastey. Os dois não resistiram após um acidente de carro em Oregon, nos Estados Unidos. A dupla viajava o mundo a bordo de um Fusca de 1978, apelidado de Dodongo. No entanto, há cerca de dois anos, o viajante já havia expressado sua preocupação com a segurança do veículo.
Jesse deu início a uma reforma em seu carro no final de 2019, depois de passar por algumas panes mecânicas e outros perrengues. Com alguns recursos obtidos através de uma rifa com seguidores, ele começou a reparar o Dodongo numa oficina de Pachuca de Soto, no México. A restauração do veículo foi concluída em 2020, quando ele pôde seguir viagem com Shurastey. O influencer também já havia adicionado itens como chuveiro, suporte para uma barraca e um reservatório de água potável em seu Dodongo.
Mas ainda em 2020, Jesse revelou que considerou interromper a viagem dos sonhos até o Alaska pelos receios quanto à segurança do Fusca. “Considerava retornar por não estar viajando com um carro totalmente seguro. Agora, com a reforma e o Dodongo ficando mais confortável e oferecendo mais segurança, talvez eu ganhe um ânimo para viajar mais um pouco, antes de voltar para escrever um livro, descansar e planejar a próxima aventura”, contou ele na época, em entrevista ao site Nossa, do UOL.
De qualquer modo, especialistas acreditam que reparos dificilmente trariam a segurança necessária para evitar a tragédia – na qual o Fusca acabou destruído depois de colidir com um SUV. “A diferença entre os dois veículos quanto a itens como tecnologia construtiva, disponibilidade de equipamentos de segurança, materiais empregados e exigências para homologação é enorme, tanto na prevenção contra o impacto, quanto na redução dos danos causados pela batida aos ocupantes”, disse Michel Braghetto, membro da Comissão Técnica de Segurança Veicular da SAE Brasil, em entrevista ao UOL Carros.
Hoje em dia, já há recursos que possibilitam que os impactos de colisões sejam absorvidos pela carroceria antes mesmo que cheguem aos motoristas e passageiros. Contudo, o Fusca, fabricado há 44 anos, dispunha da tecnologia de sua época. “O Fusca é um projeto da época da Segunda Guerra e não traz nada disso. Se tivesse recursos como freios a disco e direção assistida e mais precisa, o risco de acidente poderia ter sido minimizado”, argumentou o engenheiro.
Todos os que estavam a bordo do SUV sobreviveram – sendo eles uma criança, que saiu ilesa do acidente, e uma mulher de 62 anos, que precisou ser hospitalizada. Já os ocupantes de Dodongo morreram no local. Agora, uma perícia pode expôr quais foram as circunstâncias da colisão e deixar claro tudo o que aconteceu.