Maranhão volta atrás em caso de Hamilton, jovem morto por policiais, após publicação sobre Lázaro Barbosa nas redes sociais

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O Brasil se chocou na última sexta-feira (18), com a morte de Hamilton Cesar Lima Bandeira, após denúncias de que o jovem de 23 anos estaria, supostamente, enaltecendo os crimes do serial killer Lázaro Barbosa na web. O rapaz, que sofria de transtornos mentais e tomava remédios controlados devido à sua condição, foi baleado por policiais de Presidente Dutra (MA) dentro da própria casa.

Na segunda-feira (21), a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão anunciou que afastaria os agentes envolvidos no caso. A decisão, entretanto, tomou outro caminho na terça (22). Em entrevista concedida à TV Mirante, o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, afirmou que não mais dispensará os oficiais por falta de elementos que comprovem o assassinato de Hamilton. “Não há elemento para dizer isso. O assassinato, tecnicamente, não está demonstrado”, declarou.

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Atitudes só serão tomadas após a conclusão das investigações. “Isso será demonstrado dentro do inquérito policial, se houve ou não. Se houve, eles responderão dentro das normas legais. Se não houve, terão os permissíveis da lei para o ato que praticaram. Isto é definido dentro do inquérito policial, não há um juízo que mostre antecipadamente que eles cometeram crimes e que sejam afastados das suas atividades”, insistiu Portela.

Hamilton era estudante do ensino médio e, de acordo com a família, foi diagnosticado com deficiência intelectual ainda criança. Na semana passada, o jovem fez uma postagem nas redes sociais se declarando fã e desejando “boa sorte” a Lázaro, procurado há 16 dias em Goiás por assassinar uma família em Ceilândia (DF), além de cometer outros delitos. Após a publicação de Hamilton, três policiais foram até a casa do jovem e atiraram nele. O jovem foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

À esquerda, Hamilton. À direita, registros dos laudos dos distúrbios mentais do jovem. (Foto: Reprodução / ponte.org)

Segundo o delegado César Ferro, Hamilton teria feito ameaças aos policiais com uma faca durante a abordagem. Os familiares do rapaz, por outro lado, contestem a versão, inclusive o avô Plácido Ribeiro, de 99 anos, que também estava na casa no momento dos disparos. “Eles perguntaram quem estava na casa, e eu disse que era eu e o Hamilton. Foi quando eles (policiais) entraram. O Hamilton levantou da cama, segurou na cortina e foi olhar. Aí eles atiraram”, declarou o senhor, ao UOL.

O Ministério Público do Maranhão acompanha o caso. À publicação, o promotor Clodoaldo Araújo afirmou que os familiares do jovem ainda não foram ouvidos no inquérito. Ele pedirá também que sejam feitas a reconstituição do crime e a exumação do corpo de Lima Bandeira. O enterro do rapaz foi feito antes mesmo de seu corpo passar por uma necropsia. O exame pode determinar quantos disparos foram efetuados e a causa efetiva da morte.

Hamilton com o avô e a mãe, Ana Maria. (Foto: Arquivo Pessoal)

A mãe do jovem, Ana Maria, afirma que foram três tiros. Já a polícia, insiste que foram dois disparos: um na perna e outro no abdômen. “Esse pedido [de necropsia] será feito pelo delegado e a reconstituição será feita depois do exame do cadáver feito pelo IML (Instituto Médico Legal). No momento, os policiais estão colhendo depoimentos, fazendo a perícia no local do fato e buscando o celular da vítima para perícia”, explicou o promotor.

No atual inquérito, o comando das investigações foi designado a policiais de São Luís ligados ao Departamento de Homicídios e à Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção, especializada em crimes cometidos por agentes públicos. Saiba mais detalhes sobre o caso, clicando aqui.