Uma ligação comoveu a Polícia Militar (PM) de Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, nesta terça-feira (2). Um menino de 11 anos chamado Miguel entrou em contato pelo 190, número em que os militares atendem emergências, para pedir ajuda à família que estava passando fome. Segundo ele, os únicos alimentos disponíveis na casa eram farinha e fubá.
No áudio da ligação, divulgado pelo jornal O Tempo, é possível ouvir o apelo do garoto. “Ô, senhor policial, aqui em casa não tem nada pra gente comer e eu estou com fome. Minha mãe só tem farinha e fubá para comer”, disse ele. A polícia, então, perguntou informações pessoais da criança como idade e com quem ele mora. Ouça o áudio completo abaixo:
Uma criança de 11 anos ligou para o 190 na noite dessa terça (2) para pedir ajuda e dizer que a família estava passando fome. Ele afirmou à PM que vivia com outros irmãos e com a mãe em Santa Luzia, na região metropolitana de BH, e que o único alimento disponível era fubá. pic.twitter.com/7xARe1yiTU
— O Tempo (@otempo) August 3, 2022
Uma guarnição do 35º Batalhão foi até a casa da família acreditando que se tratava de um caso de maus-tratos. Ao chegar no local, perceberam que todos estavam bem, mas não tinham alimentos para comer. “Minha mãe estava chorando no canto, eu pedi o telefone e fui lá e liguei”, explicou Miguel ao portal G1.
Célia Arquimino Barros, de 46 anos, é mãe do garoto e tem mais cinco filhos. Eles vivem todos juntos no bairro de São Cosme. De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher revelou que não sabia que Miguel tinha ligado para a PM. À TV Globo, Célia contou que atualmente está desempregada e faz alguns bicos para ganhar dinheiro. Mesmo assim, não é o suficiente para sustentar a família. “Eu vivo do auxilio emergencial e o pai manda R$ 250, mas não é todo mês que ele manda”, falou.
A mãe ainda relatou que estava sem comprar comida há quase três semanas. “Eu só tinha fubá e farinha. Já tinha uns três dias que a gente estava assim. E que já tinha acabado as coisas, já tinham mais de 20 dias, mas ainda tinha um pouquinho de arroz, de algumas coisas. Mas há três dias só tinha farinha e fubá”, afirmou.
O tenente Nilmar Moreira contou ao GLOBO que nunca tinha recebido um chamado desse tipo. “Essa foi a primeira vez que recebemos uma ocorrência assim. Em 24 anos, nunca recebi um chamado desse, e não me recordo, nos seis anos em que trabalho neste batalhão, de ter visto um caso parecido. Acredito que a crise econômica tenha afetado as pessoas menos favorecidas e, vendo o desespero da mãe, aos prantos, só restou a ele pedir ajuda”, comentou.
Comovidos com a situação, os policiais decidiram se mobilizar para ajudar a família. “Os militares foram até um mercado e iam comprar alimentos com o dinheiro do próprio bolso, mas o gerente do estabelecimento ficou comovido e doou uma cesta básica”, relembrou o tenente. Ainda segundo o jornal, após a doação da cesta básica, todos os presentes ficaram bastante emocionados. A mulher também foi orientada a buscar auxílio de órgãos de assistência social.
A PM vai continuar ajudando a família e pediu para quem puder contribuir com a doação de alimentos, entrar em contato com o 35º Batalhão de Polícia Militar. Os interessados em auxiliar podem ir até lá pessoalmente, ou falar diretamente com a assessoria de comunicação através do telefone (31) 3244 9688.
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