A soldado Tatiane Alves, da Polícia Militar do Maranhão, recebeu ordem de prisão de seu comandante após se recusar a passar do horário de trabalho. O caso veio a público quando Tatiane fez uma denúncia detalhada em suas redes sociais, contando que explicou que não poderia ficar porque precisava amamentar o filho de 2 anos, mesmo assim ela acabou sendo detida por desobediência.
Segundo o JMTV, o caso aconteceu no dia 5 de setembro, quando a soldado e a equipe faziam policiamento de um evento em comemoração ao aniversário da capital São Luís, que tinha começado no início da tarde. Por volta das 20h, os policiais ficaram sabendo que o trabalho seria até o final do evento, mas sem previsão de horário. No local ainda estavam o filho e o marido da policial, que filmou toda a ação.
“Eu fui até o meu comandante imediato, expliquei a situação e infelizmente ele não me ouviu. Ele disse que se eu não cumprisse a determinação, que eu seria presa em flagrante por desobediência. Eu fui conduzida para o comando geral e lá eu permaneci por pouco mais de 24h, onde teve o alvará de soltura. Além do alvará de soltura, o que me surpreendeu foi que já veio um ofício, solicitando minha transferência do batalhão”, contou ela em entrevista.
De acordo com informações do UOL, a policial foi para o 9º Batalhão, que atende outra região de São Luís, mas, após dialogar com o secretário de Segurança Pública do Maranhão, Tatiane foi encaminhada para a Patrulha Maria da Penha, voltada para casos de violência contra a mulher. No entanto, depois do ocorrido ela pediu afastamento para fazer tratamento psicológico. Na PM, não há obrigação de um membro trabalhar após seu horário de expediente.
Esta não é a primeira vez que a soldado denuncia a corporação. Em 2020, ela gravou um vídeo relatando um caso de assédio sexual sofrido por ela na cidade de Imperatriz, o que também resultou em transferência para outra unidade. “A gente é inferiorizada e muitas vezes somos tratadas como objeto. Sofremos muito assédio sexual na instituiação e não temos nenhum amparo, a gente não tem como denunciar. E quando acontece com outras policiais, em outros estados, que já foram atrás de denunciar e são exoneradas? Chega ao ponto de elas mesmas pedirem exoneração, porque elas sofrem uma pressão muito grande”, continuou Tatiane.
Em comunicado conjunto enviado ao UOL, a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão e a Polícia Militar dizem lamentar o ocorrido e que “reforça seu comprometimento em mitigar condutas de membros da corporação, incompatíveis com os princípios profissionais e éticos que orientam as atividades do Sistema de Segurança do Maranhão”. A reportagem do JMTV entrou em contato com a Promotoria Militar, que responde em casos de prisão, que afirmou ter aberto um inquérito para investigar o caso.
Assista à reportagem completa [A matéria sobre a policial começa em 01:03]:
https://www.youtube.com/watch?v=lniLR0euiVk