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Vítimas detalham crimes sexuais de padre Airton Freire: “Começou a se masturbar rindo!”; assista

Religioso passou mal na prisão e foi encaminhado para hospital de Recife

Lara Nascimento - Publicado em .

Três vítimas detalharam crimes sexuais que teriam sido cometidos pelo padre Airton Freire, criador da Fundação Terra. O religioso de 67 anos foi preso preventivamente no dia 14 de julho, em Pernambuco. No “Fantástico” deste domingo (23), os denunciantes deram depoimentos relatando ameaças, a maneira como foram abordados e quem também teria participado dos crimes. De acordo com os depoimentos, os abusos aconteciam numa casa de taipa do padre.

Silvia Tavares, primeira denunciante, contou que foi levada até a casinha por um funcionário e o que encontrou ao chegar lá. “Princesinha, às 6h30 da manhã estarei na casinha, tá certo?“, disse o padre em áudio enviado para a vítima em agosto de 2022. Ela estava participando de um evento no local quando, no dia seguinte, Jailson Leonardo da Silva, funcionário do padre, a levou até a casinha. “Ele disse: ‘Olha só, eu falei com padre Airton e ele disse que você entrasse no meu carro porque os cachorros estão soltos“, relatou. Ela seguiu com o homem até a taipa. “A cena que eu encontrei foi o Airton deitado de bruços, com o lençol de seda. Ele disse: ‘Minha princesa, é o seguinte, eu passei a noite todinha pregando, rezando, principalmente por você, então eu queria uma massagem'”, contou. Assista:

“As pessoas me dizem: ‘Ah, você foi inocente’. Não, porque pra mim, ele era um santo“, explicou. “Comecei a fazer a massagem no ombro dele, fui descendo, quando eu cheguei no cóccix eu percebi que ele tava sem nada, aí eu pulei da cama. Quando eu pulei da cama, o Jailson pegou a faca, botou no meu pescoço, me deu uma gravata e disse: ‘Quieta, se você colaborar, ninguém morre‘”, relembrou. “Eu comecei a chorar e disse: ‘Padrinho, o que é que está acontecendo?’. Ele disse rindo: ‘Não está acontecendo nada‘”, contou.

De acordo com Silvia, o padre começou a se masturbar e ficou comandando o estupro cometido pelo homem. Jailson e outro funcionário do padre estão sendo procurados. Em nota, a defesa de dele disse: “Jailson sempre se portou diante da sociedade de forma honesta, resguarda-se ao direito de se manifestar no momento oportuno, perante as autoridades policiais“.

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Outra mulher, que não foi identificada, também apontou a casinha como cenário. Ela foi levada para lá por outro funcionário e se deparou com o padre sem roupa e pediu uma massagem. “Eu digo: ‘Padre, pelo amor de Deus, se vista, se cubra! Meu Deus, o que é que está acontecendo aqui?’. O capanga disse o seguinte: ‘Olha, você pode fazer o que você quiser com a gente que vai ficar aqui'”, narrou.

“O padre começou a se masturbar… rindo!“, compartilhou ela. A mulher conseguiu fugir. “Quando ele segurou meu braço, eu disse: ‘Vou me embora’. Ele disse: ‘Cuidado! Cuidado quando passar na frente do canil que você pode ser estraçalhada’. Dei as costas e fui embora“, relatou. “Ele violentou minha fé de forma brutal“, desabafou.

Uma outra vítima, que também não se identificou, se trata de um homem que chegou a trabalhar com o padre e acredita que foi dopado na casa de taipa. “Peguei a garrafa umas onze e pouca da noite. Tomei a minha água e deitei na rede. Quando foi cinco e pouco da manhã, eu acordei numa cadeira que tem próximo da mesinha, só de cueca. E senti meu corpo, né? A gente sente o corpo da gente diferente”, detalhou.

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“Muitas pessoas não têm coragem de falar, com medo. Não tem condição financeira, uma família estruturada. Eu digo porque convivi com ele. Ele se aproveitou disso, da minha ingenuidade, do meu lado que queria aprender o lado religioso“, opinou. “Eu já perdi vinte quilos. Estou sendo acompanhado por um psiquiatra, fazendo terapia, psicólogo“, desabafou.

Inquérito

Em maio deste ano, a diocese regional suspendeu a permissão para o sacerdócio até o término das investigações. Os inquéritos estão em segredo de justiça. Até o momento, mais de cinquenta pessoas prestaram depoimento. O Ministério Público de Pernambuco informou que há cinco inquéritos instaurados contra Airton com base nessas denúncias.

Em nota, a defesa de Airton afirmou que ele é inocente. “O padre Airton Freire reitera ser inocente das acusações. A defesa do padre não teve acesso à totalidade dos autos de investigação e, portanto, usará de todos os esforços para garantir ao sacerdote o direito de habeas corpus. […] Airton é um homem de 67 anos com sérias restrições de saúde, apresentou-se espontaneamente às autoridades quando da decretação da prisão preventiva. Além de não atrapalhar as investigações, não houve coação de testemunhas nem há perigo de eventuais práticas criminosas que possam pôr em risco as supostas vítimas“, alegou.

Conhecido pelos projetos sociais da sua fundação, criada há 39 anos em Arcoverde, o padre estava em uma cela isolada desde que foi preso. Na tarde deste sábado (22), Airton foi internado em um hospital particular em Arcoverde, Sertão de Pernambuco. Ele teve uma crise de hipertensão arterial. No domingo (23), foi transferido para capital com escolta policial.

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