Desde a morte de MC Kevin, surgiram dúvidas se o cantor teria usado drogas antes da queda fatal. Nesta sexta-feira (28), o UOL teve acesso ao laudo do exame toxicológico feito no corpo do cantor. Segundo o resultado, ficou comprovado que o artista realmente usou entorpecentes.
De acordo com o laudo dos peritos da Polícia Civil, a substância sintética MDMA – mais conhecida como “MD” – foi encontrada nos exames. Além disso, outro teste, que veio à tona ontem (27), mostrou que Kevin também havia ingerido bebida alcoólica momentos antes do ocorrido. Havia uma concentração de 13 decigramas por litro (13dg/L) no sangue.
Para especialistas, essa mistura pode alterar e muito os sentidos dos usuários e deixá-los até fora de si, perdendo a noção do perigo. “A mistura de MDMA com álcool aumenta o efeito estimulante do ecstasy. Esse tipo de droga pode aumentar libido e efeitos sensoriais. A presença de álcool pode potencializar os efeitos e, sem dúvida, a pessoa, fora do seu juízo normal, pode sim ter os reflexos afetados”, afirmou o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, Marcos Camargo.
Bianca Domingues, que esteve com Kevin nos momentos antes de sua morte, já havia contado em entrevista ao “Domingo Espetacular” que era nítido que o funkeiro tinha usado drogas. “Eles estavam aparentemente drogados, desde a praia deu para ver, eles estavam falando alto. Dava para ver que estavam alcoolizados“, relatou a acompanhante ao jornalista Roberto Cabrini.
No entanto, MC VK, que também estava com MC Kevin, mencionou em entrevista à Record TV na semana passada que ele e o funkeiro beberam em “ritmo normal” na praia, antes de irem ao hotel. Segundo o jovem, nenhum dos dois estava “fora de si”. Entretanto, a emissora exibiu imagens deles na praia, mostrando que Kevin estava com muita dificuldade de andar e se manter de pé.
De acordo com o UOL, a polícia aguardava o resultado deste exame e da perícia nos celulares para poder encerrar as investigações do caso. Logo, é possível presumir que isso deve acontecer em breve.
Entenda o caso
No dia 17 de maio, a polícia deu início às investigações para descobrir como ocorreu a morte de Kevin Nascimento Bueno, mais conhecido como MC Kevin. O rapaz de 23 anos perdeu a vida após cair do 5º andar de um hotel na orla da Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, no último dia 16. O funkeiro morava em Mogi das Cruzes, São Paulo, mas estava na capital carioca para realizar um show clandestino em uma boate na Vila Valqueire, Zona Oeste.
A advogada Deolane Bezerra, esposa de Kevin, os amigos e a equipe de produção que trabalhava com o artista prestaram depoimento na madrugada da segunda-feira (17), na 16ª DP (Barra da Tijuca), que segue investigando o caso. Alguns deles também já haviam sido ouvidos ainda no hotel. De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, eles teriam sido acionados às 18h13 para atender a ocorrência da queda.
O funkeiro chegou a ser levado para o hospital Miguel Couto, na Gávea, na Zona Sul, em estado muito grave, mas não resistiu. O corpo dele foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) e, de acordo com o laudo da necropsia, a causa da morte foi um traumatismo crânio encefálico. O documento ainda atesta que o funkeiro sofreu 13 fraturas – no nariz, no maxilar, na mandíbula e nas costelas, além de uma hemorragia na cabeça, uma perfuração no pulmão e rompimento do fígado.
No dia 23, a perícia do Instituto de Criminalística informou que a apuração feita no hotel concluiu que a queda de Kevin “teve como causa aparente um acidente”. Segundo o documento, assinado pelo perito Luiz Alberto Moreira Coelho, não havia nenhum indício de “briga” ou de “ações violentas” no quarto em que o funkeiro, MC VK (Victor Elias Fontenelle) e a acompanhante Bianca Domingues estavam. O arquivo afirma que a prova técnica pode corroborar com o relato das testemunhas – de que Kevin estava com a moça na sacada, quando tentou passar para o andar de baixo e teria acidentalmente se desequilibrado.