As investigações sobre a morte de Diego Maradona seguem acontecendo na Argentina. De acordo com reportagem divulgada nessa quarta (19) pela agência de notícias “EFE”, a Procuradoria-Geral de San Isidro acusou formalmente sete pessoas por homicídio simples com dolo eventual, quando se assume o risco de matar. Estas foram impedidas de deixar o país e serão interrogadas a partir do dia 31 de maio.
Anteriormente, a acusação era de homicídio culposo, cuja pena varia de um a cinco anos de prisão. Agora, a condenação pode ser de oito a vinte e cinco anos de reclusão. Dentre os réus, estão o neurocirurgião Leopoldo Luque, a psiquiatra Agustina Cosachov, o psicólogo Carlos Díaz, os enfermeiros Dahiana Madrid e Ricardo Almiron, o chefe de enfermagem Mariano Perroni e Nancy Forlini, responsável pela equipe médica que tratou Maradona em seus últimos dias de vida.
Responsável por realizar uma cirurgia no cérebro do ex-jogador semanas antes de sua morte, Leopoldo Luque também será interrogado por suposto uso de documento privado adulterado. No início de abril, a junta médica que tenta esclarecer as causas do óbito do craque, divulgou um documento de 70 páginas no qual aponta o neurocirurgião e Cosachov como principais responsáveis pelo falecimento do argentino. Segundo o laudo, “a atuação da equipe de saúde que atendeu Maradona foi inadequada, deficiente e imprudente“.
Em fevereiro, o site de notícias argentino Infobae, divulgou também transcrições de supostos áudios, além de mensagens enviadas por Leopoldo a Agustina, quando soube que o ex-jogador estava morrendo. Em uma delas, o doutor teria chamado Maradona de “gordo” e dito que o astro iria “morrer cagando”: “Sim, o ‘boludo’ parece que teve uma parada cardiorrespiratória e o gordo vai morrer cagando. Não tenho ideia do que ele fez. Estou indo para lá”, teria escrito ele para um de seus contatos do celular.
Já em outro áudio, Cosachov é específica sobre o momento em que Diego foi encontrado: “Entramos na sala e estava frio, frio. Com toda a circulação marcada. Começamos a fazer a reanimação e ele recuperou um pouco o tom e, digamos, recuperou um pouco a temperatura corporal. Isso com mais ou menos 10 minutos de RCP, a enfermeira, ‘El Negro’, eu e ‘Monona’ (a cozinheira), e depois chegou a ambulância. Agora eles estão prosseguindo. Eles não nos dizem como está a situação. Eu saí e eles não me falam nada”, afirmou ela para Luque.
Ainda segundo o Infobae, Luque respondeu a psiquiatra com dois áudios seguidos, perguntando se tentaram reviver o craque. Cosachov, por sua vez, disse por escrito que Maradona “parece morto“. O neurocirurgião tentou acalmar sua companheira de equipe médica: “Calma. Tente descer. É assim, é assim. Ele é um paciente complexo e bom, o que quer que tenha que acontecer, vai acontecer. Vamos estar lá para bancar o que vier”.
Em uma mensagem para um outro contato, Luque já parecia estar ciente da morte de Maradona: “Não se preocupe, estou na estrada agora. Parece que ele está morto. Poste que ele está morto. Bairro San Andrés, você tem que vir ver aquele a que sempre vamos, Santa María de Tigre”.
A morte de Maradona
O ídolo do futebol foi encontrado morto no dia 25 de novembro de 2020, em uma casa alugada num bairro privado ao norte de Buenos Aires – local onde o craque passava por internação domiciliar e se recuperava após operar um hematoma na cabeça, em cirurgia realizada semanas antes de sua partida.
Em 30 de outubro, Maradona, já com a saúde debilitada, compareceu à comemoração de seu 60º aniversário no estádio do Gimnasia y Esgrima, clube que comandava. Naquele dia em La Plata, foi a última vez que ele apareceu em público, aclamado por milhões de fãs em todo o mundo. Testemunhas afirmam que o ex-jogador sofria de dependência de álcool e psicotrópicos. Após sua aposentadoria, ele esteve várias vezes à beira da morte devido a doenças cardíacas e uso de drogas.