Cantores terão de prestar contas à Justiça sobre festa no Copacabana Palace, após anfitrião se tornar foragido da polícia; entenda o caso

Gusttavo Lima Ludmilla Mumuzinho Alexandre Dudu

No mês de maio, artistas como Gusttavo Lima, Ludmilla, Mumuzinho, Alexandre Pires e Dudu Nobre causaram polêmica ao participar da festa de aniversário de Adilson Oliveira Coutinho Filho, no Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (24), o bicheiro, mais conhecido como Adilsinho, tornou-se o principal foragido da Operação Fumus, da Polícia Federal. Agora, os cantores terão de prestar contas à Justiça.

Com a operação deflagrada, a 1ª Vara Especializada de Crime Organizado, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidiu que os famosos citados têm 20 dias para explicar a participação no evento. De acordo com o G1, Ludmilla, Gusttavo, Alexandre, Dudu e Mumuzinho devem detalhar os valores de contrato, com quem o negociaram e quanto receberam.

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O anfitrião da polêmica festa no Copacabana Palace foi Adilsinho, principal foragido da Operação Fumus. O convite do seu aniversário contou com um tema que lembra o de “Poderoso Chefão”. (Foto: Reprodução/TV Globo)

Os cinco artistas foram alguns dos que estavam na festa de luxo no Copacabana Palace, que contou com 500 convidados, em plena pandemia da Covid-19. Nos registros da noitada, foi possível ver alguns deles se apresentando e cantando na celebração. O aniversário rendeu uma multa de R$ 15,4 mil ao hotel, que já foi paga.

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A Operação Fumus

Segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), Adilsinho e o irmão, Cláudio Coutinho, seriam os chefes de uma quadrilha que impôs violentamente um monopólio na venda de cigarros no Rio. Até a tarde de hoje, os dois estavam foragidos, enquanto outras quatro pessoas já foram presas.

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De acordo com o MP-RJ, Adilsinho chefiava a quadrilha que impôs um monopólio na venda de cigarros do Rio de Janeiro. (Foto: Reprodução/TV Globo)

De acordo com as investigações, Adilsinho está no topo da hierarquia da quadrilha, que foi chamada de Banca da Grande Rio. O nome se deve à proximidade de alguns denunciados com a escola de samba Grande Rio – Adilson e Cláudio, por exemplo, são primos de Hélio Ribeiro de Oliveira (Helinho), presidente de honra da agremiação.

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Os promotores afirmam que a organização criminosa obriga pequenos comerciantes do Rio de Janeiro a comprar e vender os cigarros deles, ameaçando-os gravemente para isso. Os envolvidos também teriam se associado a traficantes e milicianos para lotear as regiões do estado. Segundo o MP, a quadrilha ainda teria a conivência de policiais militares e civis para driblar a fiscalização, com seus cigarros com notas fiscais adulteradas. Desde 2019 até o mês de junho, o lucro teria ultrapassado os R$ 45 milhões, de acordo com as investigações.

Relembre o caso da festa

Na madrugada de 15 de maio, o hotel Copacabana Palace, na zona Sul do Rio de Janeiro, foi palco de uma polêmica que gerou uma repercussão muito negativa na web: uma “festa black-tie”, em comemoração ao aniversário do bicheiro Adilson Coutinho de Oliveira. O evento reuniu cerca de 500 convidados, alguns deles famosos e personalidades políticas, e contou com shows de Gusttavo Lima, Mumuzinho, Ludmilla, Alexandre Pires e Dudu Nobre – tudo isso em plena pandemia da Covid-19.

De acordo com o jornal Metrópoles, a entrada dos convidados foi feita pela porta dos fundos do hotel e na portaria eram entregues máscaras de proteção. Por meio de nota, a Secretaria de Ordem Pública do Rio de Janeiro (Seop) informou que às 22h da sexta-feira, seus representantes visitaram o hotel e não encontraram nenhuma irregularidade na comemoração. “Fomos no Copacabana Palace mais cedo. Fizemos um termo de vistoria juntamente com a Vigilância Sanitária em nossa fiscalização, mas não havia nada de errado no momento da ação”, disse o texto. Entretanto, após a saída dos agentes, a pista de dança foi aberta ao público, que dispensou os equipamentos de proteção individuais e desrespeitou o distanciamento social.

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Em vista da controvérsia, a assessoria do Copa emitiu uma nota alegando que todas as medidas legais teriam sido cumpridas. “O Copacabana Palace informa que, para realização do evento do dia 14 de maio nas dependências do hotel, foram cumpridas todas as exigências e obrigações legais estabelecidas pelo decreto n° 48.845, publicado em 7 de maio de 2021 no Diário Oficial do Município. O Copa reforça para seus contratantes externos que o comprometimento com as recomendações das autoridades é um pré-requisito para que os eventos aconteçam. Adotamos um protocolo de prevenção e combate à Covid-19 de acordo com as regras vigentes, de modo que a saúde e segurança de hóspedes, funcionários e clientes são nossa maior prioridade”, disse o comunicado.

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Copacabana Palace é multado por festa clandestina

Apesar do suposto “cumprimento das normas”, a situação mudou ao longo do sábado (15), a partir do recebimento de denúncias sobre aglomeração na festa. Com as evidências e vídeos das irregularidades do evento circulando na web, a Vigilância Sanitária informou que constatou desobediência do hotel às medidas contra a Covid-19, em vigor na cidade até 20 de maio de 2021. A Prefeitura do Rio de Janeiro então decidiu multar o estabelecimento.

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Festa no Copacabana Palace reúne 500 convidados e artistas como Ludmilla, Gusttavo Lima, Dudu Nobre, Mumuzinho e Alexandre Pires. (Foto: Reprodução/Twitter)

A informação foi divulgada por meio de nota oficial da Secretaria de Ordem Pública (Seop), que revelou que o Copa seria autuado em R$15.466,81 por infração considerada “gravíssima”. O hotel também seria interditado para realização de festas por um período de 10 dias.

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Festa no Copacabana Palace reúne 500 convidados e artistas como Ludmilla, Gusttavo Lima, Dudu Nobre, Mumuzinho e Alexandre Pires. (Foto: Reprodução/Twitter)

“Nas referidas imagens, foi constatada aglomeração generalizada em frente a apresentação musical caracterizando pista de dança. Os convidados não usavam máscara facial e não respeitavam o distanciamento mínimo de 1,5m entre os participantes. Na entrada do estabelecimento, as imagens também evidenciaram aglomeração em fila de espera e acesso desordenado ao local”, afirmou a Seop.

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O que dizem os artistas

Na época do evento, o hugogloss.com procurou todos os cinco artistas que se apresentaram no evento. Confira o que eles disseram abaixo:

Mumuzinho

À nossa equipe, a assessoria do cantor Mumuzinho declarou: “A convite do aniversariante, Mumuzinho realizou uma participação no evento. De acordo com a organização, o evento aconteceu dentro do cumprimento de todos os protocolos e decreto de segurança, exigidos e permitido por lei”.

O artista ainda enviou um recado ao público. “Estive presente ciente de que todas as normas estavam sendo cumpridas e testes realizados. Jamais toparia participar de um evento fora das normas, em plena pandemia”, afirmou.

Gusttavo Lima

Já os representantes do cantor sertanejo emitiram a seguinte nota: “Gusttavo Lima foi contratado como artista, como os demais. Fizeram o show dentro das normas de segurança do Rio de Janeiro. Todos os protocolos foram seguidos, inclusive, testes foram realizados em todos os presentes no local. Os 500 convidados eram 40% da capacidade do local. Estava dentro das normas”. Nas redes, o cantor compartilhou uma imagem enquanto realizava o teste de detecção de coronavírus. Veja:

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Gusttavo Lima publicou foto enquanto realizava o teste da Covid-19. (Foto: Reprodução/Instagram)

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Dudu Nobre

Segundo assessoria de Dudu Nobre, sua presença no evento aconteceu devido a um convite do aniversariante, o bicheiro Adilson Coutinho de Oliveira. “Ele foi convidado para o aniversário de um amigo, onde todos os convidados foram testados de Covid-19 na entrada da festa. O ambiente era para 1.500 pessoas e tinham 500 convidados. Ele não estava a trabalho, estava apenas prestigiando o aniversário de um amigo”, declarou.

Alexandre Pires

Contatado pela equipe do hugogloss.com, Alexandre Pires não quis se pronunciar.

Ludmilla

Procurada pelo hugogloss.com, a equipe de Ludmilla informou que ela não se manifestaria sobre o caso.

No Twitter, os seguidores da cantora questionaram a atitude da artista e cobraram um posicionamento em resposta ao tuíte em que ela lamentava a morte das 435.000 vítimas do coronavírus no último dia 13 de maio. “A morte de milhares de brasileiros pela COVID-19 tem culpados e todos estão sentados em suas cadeiras no Palácio do Planalto. Inadmissível o governo recusar milhões de doses da vacina da Pfizer, vacinas essas que salvariam milhares de vidas. O que mais falta, Brasil?”, escreveu Ludmilla na ocasião.

Apontada como a responsável pela organização do evento, a promoter Carol Sampaio se pronunciou nas redes sociais e afirmou ter sido contratada apenas para cuidar do cerimonial e não da lista de convidados. Ao jornal Extra, a carioca alegou não ter participado da festa. “Não fiz lista de festa e, inclusive, estava em casa dormindo. Não teria coragem de convidar ninguém para festa nesse momento. Só eu sei o que estou passando esse ano para não demitir ninguém e ainda sou atacada. Dói demais”, declarou.