Fernanda Paes Leme se emociona ao falar pela primeira vez sobre aborto que sofreu: ‘Tinha descoberto que queria ser mãe’; assista

A atriz conversou com Mônica Martelli, Thaila Ayala e Julia Faria sobre o assunto

Fernanda Paes Leme

Durante o “Mil e Uma Tretas” desta segunda-feira (3), Fernanda Paes Leme e Mônica Martelli se abriram sobre os abortos espontâneos que já sofreram. Em conversa com Thaila Ayala e Julia Faria, Fernanda falou pela primeira vez sobre o assunto e revelou o motivo de nunca tê-lo abordado antes.

É difícil a gente falar sobre determinados assuntos, né? Se é difícil passar, falar é mais ainda. (…) Quando a Julia me chamou para vir aqui, eu pensei: ‘P*rra, será que eu vou falar sobre isso?’. Porque é uma coisa que tá dentro de mim só para mim – e para pouquíssimas pessoas que convivem comigo. Só que, ao mesmo tempo, é importantíssimo para as pessoas saberem que tem várias histórias sobre isso, sobre esse tema que ainda é tão difícil de você falar“, começou a atriz.

O aborto é uma perda invisível, né? É um luto que você vive de algo que você nem viu a cara, que, ás vezes, você não tem nem uma peça, uma foto, para lamentar, que é o que acontece quando a gente perde alguém. Eu vivi isso de uma forma totalmente inesperada. Eu não tava tentando nem querendo naquele momento“, revelou.

Em seguida, ela explicou que engravidou em 2021, logo após tirar seu DIU (dispositivo intrauterino que evita a gravidez). “Quando tirei o DIU, no mês seguinte, a menstruação não veio. Na minha cabeça era ‘tirei o DIU agora, vai dar uma mudada no ciclo’. Lembro que eu tava em Salvador, um lugar muito especial para mim. E eu [pensava]: ‘ai que estranho, meu peito pesado’, vivendo alguns sintomas de gravidez sem saber que aquilo estava acontecendo. Aí eu fui fazer um teste (…) e aí veio os dois tracinhos“, relembrou.

Então, prosseguiu: “Eu fiquei em choque! Era uma coisa que eu estava pensando para o ano que vem – para esse ano, no caso -, isso foi no final do ano passado. Eu fiquei em choque, mas muito feliz“. No dia seguinte, ela contou a novidade para Victor Sampaio, seu namorado. “Depois de um tempo, voltei para São Paulo e uns cinco dias depois eu tive um sangramento. Aí faz exame, vê como tá aquelas coisas todas, aquelas siglas difíceis de decorar, que vocês já devem saber, mas eu não – até porque eu também fiquei com um ranço, uma raiva. Aí eu descobri que eu não tava mais grávida, que eu tinha perdido“, recordou.

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Fernanda se abriu, em seguida, sobre como foi viver o processo do luto. “Aí vem todo o outro lado. Porque a primeira pessoa a descobrir é você, quem tem que contar pros outros, é você – as poucas pessoas que sabiam. Aí você tem que administrar a sua dor e a dor do outro, e as pessoas chegam e falam: ‘ai, é normal’. Não, normal não pode ser! Pode ser comum perder essa primeira gravidez, acho que até 20% dessas primeiras gravidezes não evoluem, mas não vem me falar que é normal“, desabafou.

Tem aquela coisa de ‘ai, acontece, é melhor assim’… Sempre as pessoas querem dar um jeitinho de amenizar aquilo que você passou, quando, na verdade, você só precisa de apoio, de abraço, de alguém perguntar como é que você tá“, disse, emocionada. Segurando as lágrimas, ela completou apontando o motivo daquilo ter impactado tanto sua vida: “Eu fiquei muito mal, porque eu vi ali que eu queria ser mãe, porque antes eu não achava que eu queria, sabe? Então ali eu descobri que eu queria“. “Foi uma perda muito solitária… É um processo doloroso, você se sente fracassada. As pessoas falam que eu vou ter outro, mas é que eu perdi aquele“, destacou.

Mônica Martelli concordou com Fernanda, e acrescentou: “Para mim, o maior luto é esse… Naquele momento que você tá grávida, você já imagina toda a tua vida como mãe, você planeja tua vida, a gente mergulha nesse lugar de uma forma tão profunda que a dor, para mim, vem desse lugar“.

Monica Martelli Júlia
Monica Martelli é mãe de Júlia, de 13 anos. (Foto: Reprodução / Instagram)

Eu perdi três! Perdi três antes da Julia, e você perder três antes… Quando você perde antes de ser mãe, além dessa dor, rola um desespero. Será que eu vou conseguir?“, completou. “Eu sempre quis ser mãe, sempre tive vontade de passar por essa experiência na vida, só que eu sempre imaginei que seria mais tarde. Eu comecei quando eu conheci o pai da Julia aos 33 anos, aí eu já tentei logo engravidar – foi quando eu perdi a primeira“, contou.

Essa primeira gestação durou quatro semanas. A segunda, aos 34 anos, durou “oito, dez semanas“. Já a terceira, que aconteceu quando a atriz tinha 35 anos, levou três meses. Ela recordou como foi o processo depois do aborto: “A primeira foi natural, a segunda, tive que fazer uma curetagem. (…) Você vai, você se interna e exatamente, você vai para poder tirar um bebê que não evoluiu“.

Mônica, então, se aprofundou sobre a terceira experiência, que caracterizou como “a situação mais sofrida” que já viveu. “Eu tava lá fazendo um ultrassom, e eles têm uma técnica… Quando veem que o bebê está parado, com algum problema, eles não falam nada. Você deixa primeiro o gato subir no telhado para a mãe falar: ‘tá acontecendo alguma coisa?’“, pontuou.

A artista relembrou que sua irmã estava com ela no evento: “Era a minha irmã, né? Ela tava lá e eu ‘Suzana, tá acontecendo alguma coisa?’. E ela lá, muda. Aí já dá aquele gelado, aquela coisa aqui dentro, aquela sensação horrorosa. Aí ela me disse: ‘Mônica, ainda não vai ser dessa vez’. Eu saí do shopping Rio Sul, em Botafogo, e fui andando até o Leblon. Você fica anestesiada de qualquer coisa. A dor toma conta“, afirmou. Como havia engravidado logo depois de fazer a curetagem, ela não pôde retirar o feto de imediato. “Eu esperei, tive que tomar remédio e esperar“, recordou.

O último aborto fez Martelli repensar as tentativas de engravidar. “Ali eu falei: ‘parei, pronto! Vou parar com essa loucura!’“, continuou. Ela engravidou de Júlia cinco anos depois, aos 40 anos. Neste meio tempo, a artista escreveu a peça “Os Homens São De Marte E É Pra Lá Que Eu Vou”. “Pari [o roteiro] antes da Júlia, que mudou minha vida. Foi a mudança de vida ali para mim. O filho que eu tinha que parir era outro“, concluiu. Veja a conversa completa:

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