Há dez meses em casa, após a cirurgia de retirada de um tumor no cérebro e todos os meses de quarentena, Glória Maria participou de sua primeira live na última sexta-feira (25). No papo com a jornalista Joyce Pascowitch, a apresentadora do “Globo Repórter” falou sobre vários assuntos e também deu sua opinião sobre as recentes discussões quanto ao racismo e ao assédio no ambiente de trabalho.
“Eu acho tudo isso um saco. Hoje tudo é racismo, preconceito e assédio”, respondeu Glória. “A equipe com quem eu trabalho me chama de ‘neguinha’ e eu nunca me ofendi, nunca me senti discriminada. Eles me chamam de uma forma amorosa e carinhosa. É claro que se eles falam ‘ô nega’, é outra coisa. Hoje tudo é preconceito, tudo é assédio, tá chato. Estou há mais de 40 anos na televisão, já fui paquerada, mas nunca me senti assediada moralmente. O assédio moral é uma coisa clara, não tem dubiedade. Não tem como você interpretar. O assédio é algo que te fere, é grosseiro, desmoraliza”, avaliou ela.
A jornalista também afirmou que ainda quer “ser paquerada”, mas que deve haver uma diferenciação. “Existe uma cultura hoje que nada pode. Nós, mulheres, sabemos bem a diferença de uma paquera para um assédio. Se a gente não souber fazer isso, como a gente chegou até aqui? Tem que ter uma diferenciação, não dá para generalizar tudo”, contou ela.
Glória ainda falou que não se diz “politicamente correta” e que é contra esse ideal. “O politicamente correto é um porre. Não sou politicamente correta e não vou ser, não adianta, não venho de um mundo politicamente correto. Acredito que o politicamente correto é o caráter, a honestidade, sua capacidade de olhar para o outro. Isso é politicamente correto. Esse mundo que a gente está vem muito da amargura das pessoas, da frustração das pessoas. Isso não gosto, não aceito”, continuou.
A apresentadora também revelou detalhes sobre a cirurgia de retirada de tumor a qual foi submetida em novembro do ano passado. “Eu tô inteira, curada. Muita gente fala: ‘Ai, foi câncer’. Não, foi um p*ta de um tumor no cérebro, daqueles pra me matar. Mas foi, foi história, eu tô inteira. O médico que me operou falou: ‘Você é uma ET, eu nunca vi alguém recuperar dessa maneira que você recuperou’”, celebrou ela sobre sua recuperação.
Pandemia e planos pós-quarentena
Glória conta que se surpreendeu com o que viu durante a pandemia. “Não vi um mudo novo surgir nesse período. Viajei 40 anos sem parar e de repente estava em casa quietinha, observando. Vi coisas inacreditáveis, desamor, um mar de lama…”, declarou. A jornalista também disse não crer em um “novo normal”. “Ou é novo, ou é normal, vamos ter que partir de novos olhares. Nada mudou, mas algumas pessoas se viram melhor, começaram a se observar. Será que é preciso uma pandemia para olhar para o outro?”, questionou.
Quanto ao período em casa, a veterana da TV ficou bastante satisfeita em poder, finalmente, descansar. “Como foi bom parar. Não tinha noção do que era a minha casa, nunca tive a chance e esse período foi maravilhoso. Comecei a olhar meu jardim, meus quadros… Tinha vergonha quando falava com as pessoas no telefone e elas reclamavam da pandemia. Como ia explicar que eu estava adorando?”, lembrou ela.
Para Glória, os últimos meses serviram como um momento de “paz” e de novos hábitos. “Com a tragédia eu estou acostumada, cobri guerras, violência, dor, sofrimento, poucas pessoas entendem mais do que eu. Pude ficar em paz comigo mesma, coisa que há ‘séculos’ não conseguia”, apontou. Contudo, ela já tem planos para o pós-quarentena: “Quando isso passar quero entrar em um avião e ir para a Arábia Saudita. Estudei algumas coisas, e novidades por lá, quero ver o que está acontecendo. Também vou de novo para o Taiti, não sou boba nem nada”.
A jornalista também ficou feliz ao voltar ao trabalho no especial do Globo Repórter dos 70 anos da TV no Brasil. “Foi a viagem que eu não estava fazendo. A produção do programa me mandou o material do acervo e revi coisas da minha história que não lembrava mais. Várias vezes me emocionei e chorei. Revivi momentos da minha trajetória e estou viva para recordar isso. Voltei em uma edição especial do Globo Repórter, nada é por acaso, Deus sabe o motivo”, opinou.
Assista ao papo na íntegra aqui: