No início de março deste ano, Juliana Paes anunciou publicamente o fim de seu contrato fixo com a TV Globo, após 21 anos de parceria profissional. Depois de brilhar em sua participação especial na novela “Pantanal” como Maria Marruá, a atriz deve ficar um tempo fora da programação inédita da emissora. Em entrevista para Leo Dias, do Metrópoles, ela revelou por qual motivo optou por deixar o canal, e surpreendeu ao revelar bastidores de seus trabalhos mais recentes.
Segundo Paes, tudo começou a desandar em “A Força do Querer (2017)”, em que interpretava a personagem Bibi. “Já terminei a novela muito cansada e com a sensação de que não estava cuidando de mim. Acordando sem voz, um cansaço que eu não conseguia me recuperar num dia de descanso”, explicou a atriz, acrescentando que na sequência pretendia “desacelerar”. No entanto, ela recebeu o convite para fazer Maria da Paz em “A Dona do Pedaço (2019)”. Juliana só não deu uma resposta negativa para o autor Walcyr Carrasco porque queria muito trabalhar com a diretora Amora Mautner.
Apesar de não se arrepender do desafio, Paes não escondeu o quanto a produção a deixou ainda mais esgotada. “Comecei a perceber que estava negligenciando mesmo minha saúde física e mental e os meus filhos também”, destacou. Dois episódios específicos confirmaram isso; o primeiro ocorreu nas gravações da própria novela, quando teve uma crise de labirintite nos estúdios da TV Globo. “A cena em que eu dou à luz Josiane, estou completamente no meio de uma crise. Minha sorte é que talvez o torpor da personagem tenha sido condizente. Naquela cena, havia um problema. Os refletores convergindo… Eu falei que não estava bem, estava me sentindo tonta. O médico teve que vir me atender no Projac. Nisso a Globo sempre me deu muito suporte”, contou.
“Segunda coisa que aconteceu foi esquecer uma apresentação do meu filho na escola, essa matou. Ele que me falou: ‘Mãe, você não foi’. Os pais eram convidados a passar um momento com as crianças ali, dentro da sala de aula, e eu com a cabeça enlouquecida só pensava em decorar texto, esqueci. A culpa é um sentimento muito indigesto, você fica repassando aquilo na cabeça”, lamentou Juliana, dizendo que era possível assumir esses projetos profissionais grandiosos, mas com um maior espaçamento de tempo entre um e outro.
Porém, Juliana Paes explicou que, estando num contrato fixo com a emissora, ter esse tipo de controle nas escalações é mais difícil sob a sua perspectiva pessoal nas relações de trabalho. “A gente acaba sendo bastante acionado. Para mim, eticamente, é muito complicado eu estar ali, contratada, recebendo um salário todo mês, e me convidarem para uma coisa e eu dizer: ‘Não quero fazer, não estou afim porque quero descansar'”, falou.
“Comecei a não me sentir mais confortável com esse modelo de contrato. Quando te digo que foi uma conversa muito tranquila e amigável, é que eu tô com minha cabeça muito tranquila no sentido de que não tenho nenhum acordo com streaming, não fiz nenhum apontamento de player (sic) de fora. Eu simplesmente quis mudar o modelo de contrato para ter escolha. Eu batalhei muito pra ter esse momento de escolha. A possibilidade de dizer que não quero fazer isso agora, e fazer com a cabeça tranquila, porque não tenho um contrato ali me obrigando”, disse.
Assista à entrevista: