Luísa Sonza se pronunciou na noite dessa quinta-feira (17) após vir à tona que ela está sendo processada por racismo e ainda por ter supostamente agredido uma advogada. De acordo com o processo divulgado primeiramente pelo jornalista Erlan Bastos, a cantora teria confundido a mulher com uma funcionária em um festival em Fernando de Noronha, em setembro de 2018. Luísa, no entanto, negou categoricamente que isso tenha acontecido.
A advogada Isabel Macedo de Jesus, de 48 anos, relatou na acusação que estava no Festival Gastronômico da Pousada Zé Maria no dia de seu aniversário, quando a cantora se apresentou lá. Depois de assistir ao show, Isabel teria passado pela loira ao se dirigir ao banheiro. Nesse momento, ela teria sido abordada com um tapa no braço, enquanto Luísa pedia para ela providenciar um copo de água.
Segundo a descrição do documento, a advogada não teria entendido o que estava acontecendo a princípio e pediu para que a cantora repetisse a pergunta. “Foi quando a artista, novamente no mesmo tom ríspido, ordenou que a advogada buscasse um copo de água, pois ela estava com sede”, relatou o processo enviado à Vara Cível da Comarca do Rio de Janeiro.
Na continuação, a advogada teria ficado estarrecida com a situação e teria explicado à Luísa que não era funcionária e, sim, cliente do estabelecimento. Ainda de acordo com os autos, a cantora teria ficado “visivelmente surpresa” e questionado novamente se ela não era empregada do local, “como se não fosse crível que uma mulher negra pudesse estar naquele restaurante na qualidade de cliente”.
Isabel relatou que ainda chegou a indagar o motivo pelo qual a cantora acreditou que ela era funcionária do estabelecimento, uma vez que todos os trabalhadores dali estavam uniformizados. Segundo o processo, Luísa teria se esquivado, “não deixando dúvidas que sabia que havia feito um julgamento preconceituoso em razão dos traços raciais” da advogada.
A advogada registrou um boletim de ocorrência no dia seguinte, mas explicou por que demorou tanto tempo para dar início a uma ação judicial. “Ao longo dos últimos meses, a autora conseguiu entender que, além do tempo decorrido não ter mitigado a dor e o sofrimento experimentado durante aquela viagem, inconstante os obstáculos enfrentados na persecução da reparação pelo abalo à sua honra sofrido, calar-se não é (e nunca será) a melhor decisão frente a esta grave violação”, pontuou o documento.
“De modo a colocar um fim a tanta angústia, a autora não vê melhor opção senão socorrer-se aos braços do judiciário, de modo que seja devidamente reparada pelos danos sofridos daquela viagem que passou a ser a pior lembrança de comemoração do seu aniversário, além de ver a responsabilização dos réus na extensão da culpa de cada pelos transtornos causados”, completou o processo contra Luísa e também a Pousada Zé Maria.
Na ação, Isabel pede pagamento de indenização de R$ 10 mil por danos morais, retratação pública de Luísa Sonza e da pousada na redes sociais, fixação de cartazes contra o racismo no estabelecimento onde teria ocorrido o crime e condenação dos réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios. Confira algumas das páginas do documento obtidas por Leo Dias:
Duas horas após a notícia vir à tona, Luísa Sonza foi ao Twitter para se defender das acusações. “Gente, tudo isso é MENTIRA! Não acreditem nisso! Eu jamais teria esse tipo de atitude. Vocês me conhecem bem, sabem qual é meu caráter, minha índole. Eu jamais ofenderia outra pessoa por conta da cor de sua pele. Jamais! Essa acusação é absurda. Minha equipe já está tomando todas as providências jurídicas quanto ao caso”, afirmou ela.
Minha equipe já está tomando todas as providências jurídicas quanto ao caso
— LUÍSA SONZA (@luisasonza) September 18, 2020
A assessoria jurídica da cantora também emitiu uma nota, afirmando que ela nunca chegou a ser notificada do caso antes dele se tornar público. “A assessoria jurídica da artista Luísa Sonza, através do seu advogado José Estavam Macedo Lima, vem a público informar que tomou conhecimento do referido processo pela mídia. Que a cantora até a presente data não foi citada de nenhuma ação que venha a lhe imputar o fato que está sendo noticiado”, informou.
A nota completou: “Que as acusações são falsas, inverídicas e vêm em um momento oportunista em razão do crescimento exponencial da carreira da artista. Informa, ainda, que nunca ofendeu ou discriminou qualquer pessoa. Causa estranheza as acusações de racismo, pois até a presente data a artista não recebeu qualquer notificação das autoridades policiais sobre a suposta investigação. Todas as medidas administrativas e judiciais serão adotados para proteger a honra e a intimidade da artista”.