Em 2020, após 44 anos de parceria, o ícone da dramaturgia brasileira, Antônio Fagundes, deixou a TV Globo. Desde então, diversos rumores circularam na imprensa sobre sua partida, dentre eles o de que teria sido dispensado pela emissora. No entanto, o ator decidiu quebrar o silêncio e esclarecer de vez o assunto em nova entrevista ao Notícias da TV, divulgada nesta domingo (27).
Segundo Fagundes, a decisão de dar fim à parceria não partiu da Globo e o que causou o “rompimento” foi uma proposta inviável. “A decisão de não renovar partiu de mim. Fui eu que não quis. Quando me chamaram para fazer Pantanal, não aceitei as condições que me ofereceram”, afirmou.
O ator continuou seu desabafo. “Para começo de conversa, eles não queriam mais respeitar o acordo pelo qual eu poderia gravar apenas três dias por semana”, revelou. O arranjo em questão permitia que Fagundes conciliasse seus trabalhos na telinha e no teatro, sua verdadeira grande paixão.
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“Um pacto de 44 anos com a TV Globo foi quebrado nessa proposta, então não aceitei. O novo modelo não me interessa”, apontou. Sem papas na língua, Fagundes falou sobre as demissões feitas pela emissora, de alguns de seus mais antigos e famosos profissionais. “A Globo é uma empresa e pode escolher os caminhos que ela quiser, do jeito que ela quiser”, disse ele. “A emissora sempre teve autonomia para tomar decisões, e está se valendo mais uma vez dessa liberdade. Se o fato de a Globo estar abrindo mão do seu patrimônio vai trazer algum reflexo para ela, só o futuro dirá”, avaliou.
Ao veículo, o ator, diretor, produtor, roteirista e dublador comentou, ainda, os impactos que a pandemia causada pela Covid-19 produziu na área da cultura e não poupou críticas às ações do governo de Jair Bolsonaro (sem partido). “A pandemia não é a culpada pela atual situação. Muito antes, esse governo já havia sinalizado que a cultura não interessava e tinha que ser eliminada, inclusive encaminhando fake news e incitando o ódio contra a classe artística”, lamentou. “Mas, em maior ou menor grau, este é um setor que sempre enfrentou problemas: sai governo, entra governo, a gente nunca sabe se existirão e como serão as medidas de estímulo”, enfatizou.
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Fagundes não parou por aí. “É preciso que a cultura se torne uma política de Estado. Ou seja, não importa quem seja o inquilino do Palácio do Planalto, interessa que a cultura é importante para o país”, apontou. “Tem que ter verbas perenes – não só pequenos patrocínios e apoios esporádicos – provenientes da iniciativa privada ou de impostos e subsídios diretos vindos do Estado, como acontece em outros países”, declarou o ator. “Caso as mudanças de governo para governo persistam, nós vamos estar condenados, sob a perspectiva cultural, a um cenário de miséria”, concluiu.