Desde a estreia de “Senna” na Netflix, na última sexta-feira (29), muito se questionou sobre as aparições dos relacionamentos amorosos de Ayrton Senna. Em entrevista ao UOL Splash, a sobrinha dele, Bianca Senna, apontou que Lilian Vasconcellos, Xuxa e Adriane Galisteu não eram o foco da produção. Ela também ressaltou que a série demorou 12 anos para estrear, pois eles queriam fazer jus ao tricampeão mundial da Fórmula 1.
Apesar da resposta de Bianca, Lilian (Alice Wegmann), ex-mulher de Ayrton, e Xuxa (Pâmela Tomé) tiveram bastante tempo de tela se comparadas com Galisteu (Julia Foti). Lilian, com quem Senna chegou a se casar, aparece por 10 minutos na produção. Os dois se relacionaram por 10 meses. Já Xuxa, com quem Ayrton namorou por 1 ano e 7 meses, teve 16 minutos de tela. Por fim, Galisteu, que namorou o piloto por 1 ano e meio, teve apenas 1 minuto e 33 segundos de tela. Ela aparece apenas no quinto episódio da série, dançando no fundo de uma boate, sem foco, e depois no funeral.
“O foco da história não é o lado romântico do Ayrton, porque não é isso que fez a história dele ser relevante, do tamanho que ele é para o Brasil e o mundo”, declarou Bianca. A sobrinha do piloto, então, abordou a retratação de Galisteu na série. A apresentadora namorou Senna até o acidente fatal em Ímola, na Itália, em 1994.
“Ele teve namoradas, e estava, sim, namorando com a Adriane naquela época. Então a gente tratou isso com naturalidade dentro do enredo em que estávamos pensando. É uma pena que as pessoas fiquem com essa preocupação tão grande com relação a isso, porque não foi por isso que o Ayrton virou quem ele é”, ressaltou.
Ela também lamentou a perda do tio. “Isso faz parte da vida de qualquer pessoa. Ele teve estes relacionamentos, e infelizmente morreu muito cedo. Ele poderia ter seguido uma relação, ter tido filhos. É uma pena, porque eu acho que ele seria um ótimo pai”, opinou.
Projeto demorado
Bianca ainda foi questionada sobre a demora do projeto, e apontou os principais desafios durante os anos. Inicialmente, “Senna” seria um filme, mas acabou virando série. “Foi um processo longo por várias razões. Uma das principais é que a família queria ter certeza do que iria sair, que faria jus à personalidade do Ayrton. Isso pra gente sempre foi muito importante”, afirmou ela.
“Pra gente, era menos sobre quem vai aparecer, qual vai ser o arco da história, e mais sobre passar o Ayrton como ele era. Isso fez com que a gente demorasse a achar o parceiro certo, que tivesse essa abertura”, esclareceu. Em seguida, a diretora da empresa que cuida da marca de Ayrton explicou os bastidores da série.
“Neste meio de entretenimento, normalmente eles (produtores estrangeiros), uma Warner, uma Lionsgate, compram os direitos sobre a imagem da pessoa e da história dela. E aí fazem o que querem. Contam a história do jeito que querem. E para a gente, isso não funcionaria. A gente queria participar e ter certeza de que fariam do Ayrton, o Ayrton. E isso fez com que a gente demorasse bastante pra achar o parceiro”, pontuou.
“Nem existia streaming quando a gente começou a falar desse projeto, então era uma coisa pensando em filme. E quando você pensa em filme tem um orçamento. Pensando que você está usando carro, pista… É um orçamento alto para fazer uma coisa de qualidade. Eram necessários parceiros, mas tinha toda a questão do controle sobre a narrativa e o personagem. Quando surgiu a Netflix como um potencial, a gente gostou muito do estilo deles, de querer contar da melhor maneira possível com a gente. E nisso saiu o começo da parceria”, acrescentou Bianca.
Período intenso
A sobrinha de Ayrton garantiu que a família esteve em todo o processo até a estreia oficial de “Senna”. “Foi um período intenso. A gente participou da construção de todos os roteiros, de todas as aprovações. Tinha parte de figurino, são pessoas reais, que representam minha avó, minha mãe. Tinha toda a questão da personalidade, como aquilo ia ser contado, o estilo da casa, como era. Eles não sabem. Então a gente tinha que trazer muitas referências, como fotos de infância, para deixar o mais próximo possível da realidade”, descreveu.
Bianca também contou como foi o encontro com Gabriel Leone, que vive a lenda do automobilismo na série. “Depois eu tive a oportunidade com a minha mãe, a Viviane, de ver a preparação do começo das filmagens. Foi aí que a gente conheceu o Gabriel Leone ao vivo, a primeira vez que a gente se viu ao vivo. Foi muito legal ver, o Gabriel já estava super caracterizado, falando o português como se fosse um paulista. Foi muito especial”, confessou ela.
A filha de Viviane mencionou a dedicação de Leone para dar vida a Senna. “O Ayrton era uma pessoa muito privada. O que as pessoas conhecem dele é o que aparecia nas pistas, nas entrevistas. O que é muito diferente da vida normal dele, fora das pistas. O próprio Gabriel me ligava várias vezes para perguntar coisas: ‘Como o Ayrton reagiria aqui?’. Minha mãe participou muito também nisso de entender o perfil do Ayrton”, recordou.
“A gente foi ver a série quando ainda não estava pronta, no final de maio. Nós maratonamos, foram seis episódios um atrás do outro, e foi incrível. Eu não parava de chorar, foi muito emocionante porque a série é linda. Eu não chorei porque era triste, mas eu senti o Ayrton lá de novo. Foi muito especial pra mim, realmente conectou em um lugar que eu não sentia há muito tempo. Eu acho que as pessoas vão amar”, pontuou Bianca.
Aprovação do roteiro
Na conversa, Bianca Senna citou quais foram os critérios para aprovar ou não o roteiro de “Senna”. “[Eu queria evitar] atitudes que vão muito contra a personalidade dele. Nesses anos, tinha uns roteiros que saíram muito fora do que o Ayrton faria. Foi muito essa modulação da intensidade das emoções”, ponderou.
“A entrada do Gabriel e do Vicente [Amorim, diretor] foi o momento em que a gente conseguiu ficar alinhado no que é o personagem. Eles tinham feito bastante pesquisa, então não estavam tão longe de onde a gente precisava chegar. Pelo contrário, muitas vezes traziam coisas que nem a gente sabia”, admitiu ela. “Teve essa desmistificação, porque acho que o problema é o preconceito que você tem sobre a pessoa”, salientou.
Quem era Ayrton Senna?
Ao contrário do que o público imaginava, o piloto era uma pessoa bastante descontraída longe das câmeras, conforme Bianca. “Um exemplo é de que ele era ‘o cérebro’. Mas também era brincalhão. A visão que muitas pessoas acabam tendo sobre o Ayrton é de que ele era muito sério, fechado, que ele era ‘mental’. Isso era o oposto dele. Ele era muito mais emocional, simpático, muito mais coração”, listou.
“Ele estava num ambiente de muita pressão. Então obviamente não ia ficar sorrindo do jeito que fazia em casa. Então, desmistificar essa personalidade foi um ponto importante das discussões”, concluiu a sobrinha do tricampeão mundial.
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