Nessa segunda-feira (2), Tomás Covas, filho do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, se manifestou sobre ataques desferidos por Jair Bolsonaro contra seu pai, falecido em maio, após uma longa batalha contra o câncer. Ainda ontem, durante conversa com apoiadores no seu cercadinho no Palácio do Planalto, o presidente da República criticou o tucano por ter viajado ao Rio de Janeiro, no começo do ano, para assistir à final da Libertadores no Maracanã com o primogênito. “O outro, que morreu, fecha São Paulo e vai assistir Palmeiras e Santos no Maracanã. Esse é o exemplo”, disparou Jair.
Em conversa com Mônica Bergamo, colunista da Folha de São Paulo, Tomás rebateu a declaração do chefe de Estado, a quem chamou de “incompetente e negacionista”. “Lamento a fala dita hoje pelo incompetente e negacionista presidente Bolsonaro. Em uma fala covarde hoje durante a tarde, ele atacou quem não está mais aqui conosco, não dando o direito de resposta ao meu pai. Além disso, cumprimos com todos os protocolos no estádio do Maracanã, utilizando a máscara e sentando apenas nas cadeiras permitidas”, frisou o adolescente.
“Uma tristeza as agressões vazias do presidente contra meu pai. Não é certo atacar quem não está mais aqui para se defender. Meu pai sempre foi um homem sério e fez questão de me levar ao Maracanã no fim da sua vida para curtirmos seus últimos momentos juntos. Isso é amor! Bolsonaro nunca entenderá esse sentimento”, acrescentou Tomás, de 15 anos.
Na manhã desta segunda-feira (2), o presidente @jairbolsonaro voltou a criticar Luis Roberto Barroso, presidente do TSE. “Defende um montão de coisa que não presta”.
Bolsonaro também criticou o ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, falecido em maio. “Fecha SP e vai ao Maracanã” pic.twitter.com/k0jiVs56J7
— Metrópoles (@Metropoles) August 2, 2021
Em janeiro, época em que aconteceu o jogo, o então prefeito chegou a rebater críticas sobre sua atitude, nas redes. “Depois de 24 sessões de radioterapia, meus médicos me recomendaram 10 dias de licença para recuperar as energias. Resolvi tirar mais 3 dias de licença não remunerada para aproveitar uns dias com meu filho. Fomos ver a final da libertadores da América no Maracanã, um sonho nosso. Respeitamos todas as normas de segurança determinadas pelas autoridades sanitárias do RJ. Mas a lacração da Internet resolveu pegar pesado”, escreveu.
“Depois de tantas incertezas sobre a vida, a felicidade de levar o filho ao estádio tomou uma proporção diferente para mim. Ir ao jogo é direito meu. É usufruir de um pequeno prazer da vida. Mas a hipocrisia generalizada que virou nossa sociedade resolveu me julgar como se eu tivesse feito algo ilegal. Todos dentro do estádio poderiam estar lá. Menos eu. Quando decidi ir ao jogo tinha ciência que sofreria críticas. Mas se esse é o preço a pagar para passar algumas horas inesquecíveis com meu filho, pago com a consciência tranquila”, concluiu. Covas, como se sabe, faleceu poucos meses depois, vítima do câncer.
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O PSBD, partido do ex-prefeito, também se pronunciou sobre as falas de Bolsonaro contra Bruno. “Bolsonaro não respeita os vivos, os mortos, as instituições, a democracia, o bom senso. Agora ataca até a memória de Bruno Covas, prefeito eleito por milhões de paulistanos. Não é sem motivos que o presidente está cada vez mais isolado, em direção a ser novamente um representante apenas de um gueto, de um extremo da sociedade”, escreveu o perfil do partido no Twitter, parafraseando Covas, em seguida: “É possível fazer política sem ódio, fazer política falando a verdade”. Veja:
Não é sem motivos que o presidente está cada vez mais isolado, em direção a ser novamente um representante apenas de um gueto, de um extremo da sociedade.
— PSDB 🇧🇷 (@PSDBoficial) August 2, 2021
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