Entrevista: Patrick Dempsey fala sobre nova série “Devils”, conta como a produção está ligada ao Brasil, e revela detalhes da sequência de “Encantada” — veja a íntegra!

Em “Devils”, Dempsey interpreta Dominic Morgan, o CEO de um poderoso banco multinacional. Ele é o mentor do protagonista, Massimo Ruggero (Alessandro Borghi) – que parece estar prestes a ser promovido a um cargo de poder na empresa, mas se torna o principal suspeito de um assassinato. Com isso, o suspense e o mistério se unem a uma trama global de conspiração financeira, com impactos sérios em diversos países no mundo.

Para Dempsey, essa é a questão que tem tudo para conquistar o público brasileiro. “Em ‘Devils’, você vê o que acontece com a quebra [do mercado]. Isso interliga a economia do mundo e, certamente, mostra como o Brasil foi profundamente afetado – e isso é algo atual. Eu acho que está tudo lá. Acho que as pessoas conseguem ter uma leve noção do que tem acontecido”, disse ele.

“Quando você viaja a um país, o que é mais recompensador quando se vai ao Brasil são as pessoas lindas do país. São pessoas muito boas! Daí, o que acontece é que as pessoas ficam decepcionadas com seus governos. Essa é a coisa assustadora para os que são mais afetados. Isso é o interessante enquanto você acompanha ‘Devils’. Você começa a ver lá no mais alto nível quando as decisões são tomadas. Então, quando você entra numa vila local, você começa a ver o quanto essas decisões têm um impacto profundo na existência diária”, acrescentou.

Questionado se os grandes banqueiros e magnatas da atualidade seriam os “demônios” dos nossos dias, como dito na série, o artista deu sua opinião. “Eu acho que depende do que você faz com o sucesso e o dinheiro que você recebe”, afirmou. “Existem pessoas na indústria que farão grandes mudanças para o bem, que vão lidar com essa responsabilidade. Também terá pessoas que não vão – isso é insustentável e vai, eventualmente, acabar mal para todos ao redor. Então, é uma questão de como treinamos nossos líderes para seguir em frente”, refletiu Dempsey.

“Encantada 2” finalmente sai do papel?

Quanto aos seus próximos papeis, Patrick nos revelou que já estão avançados no trabalho de uma sequência para o clássico conto de fadas contemporâneo da Disney, “Encantada”, após cerca de dez anos nesse projeto. “Também estou esperando por ‘Encantada’. Temos um roteiro que está pronto. Eu sei que estão esperando para ver qual será a decisão da Disney. Isso potencialmente também acontecerá”, antecipou o ator sobre os projetos do próximo ano. Será que agora finalmente sai a continuação da história de Giselle? Expectativas altíssimas!

No bate-papo, Patrick mandou uma mensagem direta aos seus fãs no Brasil, adiantou alguns detalhes sobre a segunda temporada de “Devils” e contou como foi seu preparo para o personagem, revelando qual característica dele conseguiu absorver. O astro ainda relatou uma experiência divertida que viveu nas gravações da série na Itália e disse como se sentiu ao trabalhar em um elenco de origens tão diversas. Dempsey também se abriu sobre como passou a quarentena e compartilhou algumas reflexões desse período.

Aqui no Brasil, “Devils” estreia no dia 06 de outubro, às 23h, no canal Universal TV, e também será disponibilizada no streaming Canais Globo. A produção será exibida em 160 países. Imperdível! Assista ao trailer aqui:

Confira na íntegra a entrevista com Patrick Dempsey:

Hugo Gloss – Como foi seu preparo para mergulhar nesse universo financeiro? Você estudou a realidade dos grandes bancos pelo mundo, sobre investimentos, mercado da bolsa de valores e economia?

Patrick Dempsey – Sim, eu tive um ótimo professor, que foi o Guido Brera, que escreveu o livro [que inspirou a série]. Nós passamos muito tempo juntos. Ele me explicou o que pretendia alcançar, qual era seu desejo com a história, e nós prosseguimos para falar sobre sua firma. Ele me mostrou todos os aspectos da empresa, do banco, e como ele focou em muitas disciplinas diferentes no mundo financeiro, o que foi uma baita luz.

Eu realmente aprendi muito com ele. Aprendi que definitivamente não quero brincar com as ações. Requer muita pesquisa, análises e todas essas coisas para tomar uma decisão. E aprendi o quanto eles trabalham duro. É 24 horas por dia, 7 dias na semana. Eles nunca param.

HG – Você tem uma grande fanbase no Brasil, desde outros trabalhos, como “Grey’s Anatomy”. Como você acha que o público brasileiro e seus fãs por aqui podem se identificar com a série?

PD – Eu acho que o que é mais interessante em “Devils” é que você vê o que acontece com a quebra [do mercado]. Interliga a economia do mundo e, certamente, mostra como o Brasil foi profundamente afetado, e isso é algo atual. Eu acho que está tudo lá. Acho que as pessoas conseguem ter uma leve noção do que tem acontecido.

HG – Em tempos de crise econômica e escândalos de corrupção em grandes empresas e governos, o que você acha que “Devils” representa? É como um retrato do que a busca infindável por dinheiro e poder pode causar?

PD – É a interdependência entre cada país agora. Nós somos uma sociedade global. Nós temos visto isso claramente com a Covid. Como isso afetou a cadeia produtiva, afetou a economia mundial, certamente afetou nossa saúde. Todas essas coisas estão conectadas. Nós somos interdependentes. É importante entendermos que precisamos ter melhores parcerias com nossos países.

Quando viaja a um país, a parte bonita é que você vê as pessoas, e as pessoas são incríveis. Aí você ouve o que está vindo do governo de lá, ou das notícias. O que é mais recompensador quando se vai ao Brasil são as pessoas lindas do país. São pessoas muito boas! Daí, o que acontece é que as pessoas ficam decepcionadas com seus governos. Essa é a coisa assustadora para os que são mais afetados.

Isso é o interessante enquanto você acompanha “Devils”. Você começa a ver lá no mais alto nível quando as decisões são tomadas. Então, quando você entra numa vila local, você começa a ver o quanto essas decisões têm um impacto profundo na existência diária.

HG – “Devils” já foi renovada para uma segunda temporada. Podemos contar com a presença de Dominic Morgan nos episódios futuros?

PD – Sim! Estou empolgado com a segunda temporada. Tenho lido os primeiros dois episódios e eles são muito bons, muito fortes. Parece que é o que estamos vivendo agora. É bem empolgante.

HG – Além disso, queríamos saber quais seus próximos planos? Tem novos projetos pela frente?

PD – Estou esperando para voltar ao trabalho. Eu tenho a série “Ways and Means”, que é um drama político, que nós estávamos prestes a começar a filmar, mas tivemos de parar tudo por conta da pandemia. Vamos começar a filmar isso em janeiro. Daí, temos a segunda temporada de “Devils”.

Também estou esperando por “Encantada”. Temos um roteiro que está pronto. Eu sei que estão esperando para ver qual será a decisão da Disney. Isso potencialmente também acontecerá. Esses são alguns dos projetos com os quais estou trabalhando. Acho que vamos esperar para ter certeza que tudo está certo para voltarmos ao trabalho. Provavelmente vou voltar a trabalhar em 2021.

HG – “Devils” será exibida em pelo menos 160 países. Como uma série assim pode funcionar em tantos continentes, nos mais diversos lugares do mundo?

PD – Eu acho que tem uma grande diversidade no seu elenco, no seu storytelling. Fala sobre todos os países ao redor do mundo e como eles foram afetados por isso. Eu acho que essa é uma parte da deixa, um conjunto forte. Eu amo fazer parte de um conjunto forte como esse. Eu acho que o elenco é empolgante, tem narrativas diferentes acontecendo e personagens tão diferentes com os quais as pessoas podem se identificar, o que eu acho que é muito legal e muito inspirador.

HG – Como foi a experiência de trabalhar numa produção que se passava na Itália e em Londres, e contava com um elenco tão diverso – com artistas dos Estados Unidos, Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido, Polônia? Você acha que cada um conseguiu agregar suas diferenças culturais à série e aos personagens?

PD – Sim, eles fizeram isso. Quando você trabalha na Itália, tem uma certa tradição na maneira com a qual eles fazem filmes e procedimentos que ele seguem, com uma história rica e grandiosa também. Quando você vai aos antigos estúdios de Fellini, você caminha por lá, sente essa história e se inspira no que vem até você. Isso foi divertido.

Os horários foram diferentes, não é como nos Estados Unidos, em que fazemos 15-16 horas atualmente. Na Europa é mais civilizado, porque fizemos 10-12 horas no máximo. Isso é muito agradável. Além de todos os idiomas diferentes… Você está aprendendo culturas diferentes, línguas diferentes, coisas assim. Realmente, quando você conhece alguém de alguma região, você cria uma relação com esse país, esse local. Então, eu sei de onde você vem e eu posso te encontrar lá. Essa é uma coisa incrível, eu aprendi a viajar mais. Mergulhar em culturas diferentes.

Estávamos filmando em Roma – olha que oportunidade incrível para aprender mais sobre a história romana! Eu tirei vantagem disso. Acabei me encontrando com um professor de lá e pedindo se ele não poderia, gentilmente, me mostrar alguns lugares e me ensinar sobre isso. Então, minha filha veio e nós fizemos esse tour juntos. Foi como um tour histórico numa caminhada. Foi realmente emocionante.

A mesma coisa com Londres, Londres foi outro lugar incrível para se estar. Eu amo trabalhar em outros países. Eu acho que você aprende muito. É muito rico!

HG – Em “Devils”, você interpreta um homem poderoso, forte, com um profundo controle das emoções. Você acredita que tem algum traço do Dominic Morgan em você? Ou alguma característica sua que você emprestou ao personagem?

PD – Sim, eu acho que por precisar estar tão disciplinado e tão regulado emocionalmente, eu fiquei com essa mentalidade ao longo das gravações. Quando surgiam coisas que eram frustrantes, que podiam tirar essa tranquilidade, era quando eu sabia que precisava focar no que Dominic faria. Essa disciplina emocional, e manter a cabeça calma e tranquila, foi muito benéfico. Daí você começa a melhorar nisso. Mas acho que a melhor parte dessa experiência é que todo dia você é testado para manter o fluxo dos traços daquele personagem. Isso te ajuda muito.

HG – Logo no primeiro episódio, o protagonista diz: “Nós somos os demônios”. Você diria que esses grandes magnatas e banqueiros da atualidade são alguns dos “Devils” dos nossos tempos? Por quê?

PD – Eu acho que depende do que você faz com o sucesso e o dinheiro que você recebe. Se você olhar para a Gates Foundation [de Bill Gates], ou para indivíduos com alto patrimônio que dão seu dinheiro, você percebe o que já é suficiente, e que o verdadeiro sentido da vida não é tanto o que você tem para si mesmo, mas o que você faz para seus companheiros e companheiras.

Então, eu acho que existem pessoas na indústria que farão grandes mudanças para o bem, que vão lidar com essa responsabilidade. Também vai ter pessoas que não vão – isso é insustentável e vai, eventualmente, acabar mal para todos ao redor. Então, é uma questão de como treinamos nossos líderes para seguir em frente.

E o que demandamos como um país, e como cidadãos. O que queremos de nossos líderes. Porque quando você vota, esse é o poder da democracia. É o poder das pessoas se levantando e dizendo: isso é o que nós queremos para o nosso país. Esse é o desafio. O dinheiro entra no meio disso. É nessa hora que entra o dinheiro sujo, e ele controla o governo, as eleições… Todas essas coisas estão num equilíbrio delicado.

HG – Caso não trabalhasse na atuação, você consideraria uma carreira no mundo financeiro? Pensaria em trabalhar num lugar como o banco NYL?

PD – Não, eu não faria isso. Não é algo em que eu investiria minhas energias. Eu preferia fazer outra coisa.

HG – Como é a sensação de saber que você já foi visto pelo mundo todo, e que agora todo mundo poderá te assistir novamente, numa nova história, num novo universo e com um personagem tão intenso?

PD – É muito bom! Sou muito grato por isso. Fico feliz por ter tido essa oportunidade e é muito satisfatório. Foi um longo trabalho, mas foi empolgante, diferente, desafiador e é legal saber que as pessoas têm gostado disso. O feedback tem sido positivo. Então, estou muito grato por isso.

HG – Como foram esses dias de quarentena? Você aproveitou para descansar, aproveitar a si mesmo e a família, ou investiu em alguns projetos pessoais?

PD – Sabe que foi muito bom não ficar direto dentro de um avião, e só ficar em casa? Estar junto da minha família, sem interrupções… Éramos apenas nós, sem nenhuma intromissão externa, além de nos prepararmos para sair, ir às compras num mercado, voltar e se acomodar. Mas foi um momento para refletir e estarmos juntos como família. Então, você começa a perceber o que é importante e o que não é. No final do dia, é a sua família, né?

Você consegue prover para eles e eles estão felizes? Se você consegue fazer isso, não importa o que você tem. Você tem algo que é profundo, que é calmo. Não importa o que o mundo externo trará até você, porque você tem essa estabilidade com sua família. No fim, essa é a coisa que mais importa.

HG – Você falou brevemente sobre a segunda temporada de “Devils”. O que podemos esperar dos próximos episódios?

PD – Tem uma continuidade incrível e um entusiasmo muito grande para a próxima temporada, que me deixou inspirado. Estou muito empolgado por isso! Mas está muito, muito bom! Eu gosto de como ela começa. Ainda não finalizei a leitura de todos os episódios, eles ainda estão no processo de serem escritos. Mas eu achei muito legal! Não vejo a hora de começar.

HG – Você também falou sobre seus fãs no Brasil e me pediu que mandasse um “alô” a todos… Então, gostaria que você mandasse uma mensagem para eles!

PD – Bom, eu tenho monitorado a situação por aí. Em primeiro lugar, por favor, usem máscara se vocês forem sair. Pratiquem o distanciamento social, isso é muito importante! Quanto ao apoio e amor que recebo de todos os fãs dos Brasil, eu estou ciente desse apoio e sou muito grato por isso. Mal posso agradecer o suficiente por todo esse apoio!