EXCLUSIVO: Jake Borelli conta tudo sobre novo casal gay de ‘Grey’s Anatomy’ e comenta motivação de se assumir: “Estava com um pouco de medo”

[Alerta: Este post tem spoilers da 15ª temporada de “Grey’s Anatomy”] Quando a showrunner Krista Vernoff prometeu que “Grey’s Anatomy” teria sua “Temporada do Amor” este ano, a gente não imaginava que veria o primeiro romance gay masculino entre médicos no Grey Sloan Memorial Hospital. A expectativa era alta para descobrir quem seria o novo interesse amoroso de Meredith (Ellen Pompeo), mas os últimos episódios da nova temporada nos deixaram obcecados por um novo casal em potencial: Levi Schmitt, papel do fofo Jake Borelli, e Dr. Nico Kim, interpretado pelo magya Alex Landi.

Quem está em dia com os episódios da décima quinta temporada viu que, depois de semanas de flerte, Levi finalmente beijou o médico recém-chegado ao hospital. Na cena, o interno apelidado de “óculos” admitiu que essa era a primeira vez que ele beijava um homem, revelando todo um processo de autodescoberta do personagem, que chegou a se relacionar (e transar) com Jo (Camilla Luddington) na temporada anterior. A sequência foi ainda mais especial porque o próprio intérprete do personagem aproveitou o momento para falar sobre sua sexualidade e se declarar como um homem gay.

O episódio do beijo entre Levi e Nico foi ao ar na última semana aqui no Brasil e, a convite do canal Sony, o hugogloss.com bateu um papo exclusivo por telefone com o ator Jake Borelli. Sempre muito simpático e bem humorado, o astro tocou em diversos assuntos relacionados à série, como a reação dos fãs ao possível novo casal; seu próprio processo de descoberta de sua sexualidade; a relação com os membros do elenco e sensação de fazer parte de um programa que é sucesso há tanto tempo.

Alex Landi e Jake Borelli como Nico e Levi em ‘Grey’s Anatomy’. (Foto: Divulgação/ABC)

Já estamos shippando ‘Sch-Nico’! Confira aí nosso bate-papo com Jake Borelli:

Hugo Gloss: Oi, Jake, como vai?

Jake Borelli: Olá, tudo bem e você?

HG: Primeiro, você pode falar um pouco sobre essa oportunidade única de estar em “Grey’s Anatomy”?

JB: Sim, quero dizer, em primeiro lugar, pessoalmente, o show tem sido uma loucura e uma coisa fantástica para mim. Eu cresci sonhando com a série. Eu lembro que minha mãe costumava assistir quando eu era mais jovem, e eu tinha a série como algo icônico e inacessível para mim. Mesmo quando eu fui chamado pela primeira vez, eu estava muito animado e perplexo com a oportunidade.

Então nós temos trabalhado no personagem, e especialmente neste ano, com ele descobrindo sua própria sexualidade e experimentando, estando aberto a novas ideias em termos de alguém por quem ele poderia se sentir atraído. Essa é uma história que eu sempre desejei ver na TV e que me sinto muito honrado em poder retratar em um programa de televisão tão icônico. Profissionalmente, tem sido bárbaro. Eu tenho uma exposição muito maior do que eu já tive antes, e eu sinto uma responsabilidade muito grande em continuar a promover o personagem de maneira honesta, como ele é.

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HG: Como foi sua reação quando você soube que seu personagem faria parte do primeiro romance gay masculino em “Grey’s Anatomy”?

JB: Minha reação foi bárbara. Eu sei que “Grey’s Anatomy” é realmente boa em provocar [o público] com relacionamentos, certo? Eu acho que eu e o Alex Landi, o cara que faz o papel do Nico, conseguimos ver isso em primeira mão, porque nos sentimos provocados. Eu acho que foi tipo, cerca de cinco episódios de “eles vão [ficar juntos], eles não vão, eles vão, eles não vão?”.

Mesmo desde o começo disso, eu recebi tantos comentários online, no Instagram e no Twitter, basicamente as pessoas pirando. Eu sei que um cara disse que naquele primeiro episódio, quando Nico piscou para mim, ele atirou sua taça de vinho pelo quarto, e eu achei isso uma cena tão engraçada. Mas as pessoas estão pirando sobre o que elas realmente querem. É realmente emocionante ver o quanto os fãs estão animados, se dando conta disso e ver o quão intensamente eles estão shippando este relacionamento. Eu já sei que, mesmo antes de qualquer coisa ter acontecido, eles já estão começando a nos chamar de “Sch-Nico”, o que eu acho hilário.

HG: Como você se sentiu quando descobriu que seu personagem teria esse momento de revelação com o Nico?

JB: Você sabe, eu tive duas emoções muito grandes. Uma que eu estava super animado. Eu recebi uma ligação neste verão da Krista Vernoff, a showrunner, e ela meio que mostrou essa ideia para mim. Como fã da série e como alguém que sempre parece e anseia por histórias queer na televisão ou nos livros que leio, fiquei muito animado, porque eu sabia o quão importante esta exposição era e eu sabia o quão bem Sean Delan e ABC contam essas histórias, e ter esse tipo de informação privilegiada um pouco antes, fiquei muito empolgado com o que o público estava prestes a ver.

Por outro lado, em um nível pessoal, para ser honesto, eu estava com um pouco de medo, porque eu sabia que se esse enredo acontecesse em uma série tão icônica, haveria um diálogo sobre isso, e se eu fosse entrar nesse diálogo, eu sabia que eu gostaria de sair do armário para poder falar sobre o assunto de maneira honesta e autêntica. Entrando neste enredo, eu sabia que isso ia ser um grande capítulo na minha vida pessoal, e então eu meio que tinha essa mistura de emoções. Uma foi essa intensa excitação, e então a outra foi esse medo de infância de me assumir que reapareceu. Mas acabei chamando meus pais naquela noite, e conversamos por um tempo muito curto, uns 30 minutos. Eu sabia naquele momento que esta era a coisa certa a fazer, contar essa história era muito mais importante e que isso iria se tornar maior que eu. Todos os meus medos rapidamente diminuíram, e toda a excitação de ser um fã da série meio que me inundou.

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HG: E a diversidade é um tema muito importante em “Grey’s”, né? A série tem sido ótima em retratar diferentes tipos de pessoas e relacionamentos…

JB: Sim, as pessoas que dirigem “Grey’s Anatomy” são tão fantásticas e uma força por trás da representação na televisão. Eu acho que é o centro de suas crenças, e eu acho que é algo que realmente define esse show e faz ele ser um destaque. Eles estão sempre lutando por representação, o que é algo que eu sempre procurei. É representação em termos de qualquer tipo de grupo marginalizado ou minoritário. Nós vemos muito isso na comunidade LBGTQ+, que eu sei em primeira mão que tem sido uma inspiração para muitos dos meus colegas, e eu também vejo isso – eles se concentram na igualdade de gênero e igualdade racial. É realmente lindo.

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HG: Pensando em sua história de autodescoberta, o que você aprendeu sobre você mesmo nesta jornada graças ao seu personagem e graças a todas as histórias que você tem retratado na TV?

JB: Você sabe, uma das coisas que realmente me inspiram em Levi é que ele é 100% honesto. Ele é meio que – de certa forma, ele é um pouco desajeitado socialmente e, por causa disso, ele não tem vergonha das reações das pessoas. Ele tem a capacidade de ser autêntico e confortável com ele mesmo em todas as situações, e isso é algo que é realmente inspirador pra mim. Isso me inspirou a ser mais honesto e mais autêntico, e eu tenho ouvido de outras pessoas que isso as inspirou a serem mais honestas e autênticas. Se eu aprendi uma coisa de toda essa experiência é que quando você promove esses valores e empurra-os para o mundo, você os recebe de volta dez vezes. Me mostrou uma nova maneira de viver, ou reafirmou uma maneira de viver para mim em que eu realmente acredito e que continuo orgulhoso em promover.

HG: “Grey’s Anatomy” é famosa, em parte, por causa de seus casais, certo? Eles têm esses romances épicos, e eu queria saber se você teve uma conversa com Alex [Landi] sobre isso. Como foi trabalhar nesse relacionamento com ele? Vocês tiveram algum tipo de preparação?

JB: Eu acho que você está totalmente certo. “Grey’s” tem alguns dos casais mais icônicos da televisão, e agora meu personagem está apenas no início de descobrir quem ele é e mesmo se um relacionamento é algo possível para ele agora. Alex e eu certamente sonhamos com o que poderia vir em seguida, e nós certamente estamos empolgados, porque vemos quão rico, profundo e completo esses relacionamentos são. Quero dizer, Arizona [Jessica Capshaw] e seu relacionamento com Callie [Sara Ramirez] durou 13 anos, e foi uma das relações gays mais cheias de nuances que eu já vi na televisão, então eu acho que, neste momento, eu estou apenas sonhando que eu tenho a oportunidade de retratar um relacionamento como aquele. Mas, assim como o público, não faço ideia. Mas sim, Alex e eu certamente fantasiamos sobre isso.

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HG: Como foi a sua experiência de ser um ator recém-chegado em uma série na qual o resto do elenco tem trabalhado junto há muito tempo?

JB: Na verdade, refletiu minha própria experiência, que foi meio louca e algo que eu não achava que iria experimentar tão visceralmente, porque meu personagem era esse médico novo entrando em um hospital cheio desses médicos icônicos que ele já admirava. A primeira temporada [de Levi na série] foi toda sobre ele e seus colegas estagiários, o “B Team”, como eles chamam, lutando para se aprimorar e se testando para que pudessem aprender e continuar a crescer no campo da medicina. Isso foi quase exatamente o que eu e alguns dos meus colegas atores estávamos fazendo ao entrar na série. Nós entramos como os novatos, meio que os internos, e nos vimos rodeados por todos esses atores icônicos na indústria da televisão que eu, pessoalmente, admiro há tanto tempo. Nós estávamos assistindo episódio por episódio, realmente tentando nos provar nesta indústria, então havia muitos paralelos que estavam chegando. Levi veio com sua “Equipe B”, e eu entrei com cinco dos meus colegas atores que eu também amei e respeitei. Nós estávamos meio que fazendo isso juntos, foi uma experiência tão bárbara e algo que eu vou estimar por um longo tempo.

HG: Na cena da ambulância, Levi fez um discurso emocionante sobre assumir que ele é gay. Você poderia se relacionar com a experiência dele de alguma forma?

JB: Aquele discurso foi algo que realmente me impressionou, e quando eu li pela primeira vez, eu chorei, assim como eu sei que o público também. [A cena] trouxe de volta todas essas emoções que eu senti quando eu era mais jovem, e eu acho que uma das principais diferenças entre ele e eu é que eu fui nessa viagem, mesmo que fosse semelhante à dele, eu fui em uma idade mais jovem, sabe, por volta de 18 anos. Acho que o que foi realmente bonito nessa experiência foi reviver essas emoções, mas a partir de um lugar mais adulto, o que foi muito interessante. Eu acho que Levi estar nessa faixa etária, 25, 26 anos, permitiu que ele fosse mais honesto e autêntico, e essa foi uma das coisas sobre esse monólogo que eu acho que funcionou tão bem, que foi menos sobre se assumir e mais sobre sua vulnerabilidade e como isso é assustador, ser vulnerável. Sim, eu acho que há muitas semelhanças entre eu e Levi nesse aspecto e no fato de que alguém está no processo de se assumir, ou mesmo apenas entrando em seu próprio tipo de verdade, não apenas sobre ser gay, é algo que ressoa para muitas pessoas. É por isso que eu acho que muitas pessoas foram afetadas por ele e viram vulnerabilidade nessa situação. Eu sei que eu certamente fui.

HG: O que mais você gostaria de ver na história de Levi?

JB: Eu adoraria ver Levi continuar com sua confiança. Eu acho que o pequeno momento que já vimos nesta série, quando ele permanece firme e fala por si mesmo, é realmente bom para ele. Eu acho que é realmente bom para qualquer pessoa, e então eu adoraria que isso acontecesse. Quero dizer, Levi é atrapalhado, e às vezes ele não tem muita sorte, então eu adoraria que ele começasse um relacionamento com Nico. Contanto que isso o faça feliz, eu acho que isso seria lindo. Mas acho que mais do que um relacionamento, acho que ele tem que aumentar a confiança em si mesmo, eu acho, é a principal coisa que eu desejo para Levi.

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HG: Você está surpreso com a reação do público? Você esperava que os casais teriam esse efeito?

JB: Eu sabia que esta história seria grande. Eu acho que minha intuição sabia porque eu, como um membro da audiência, estava desejando um enredo como esse, e eu sabia que muitos dos meus colegas LGBTQ+ anseiam por representação na televisão, mas eu não imaginei o quão grande isso seria. Quero dizer, tem sido bárbaro, desde a exibição até aqui. Nós temos recebido muitos elogios e tanto amor desde então. Eu ainda acordo, até hoje, com uma enxurrada de mensagens no Instagram e no Twitter de pessoas enviando seu amor e enviando seu apoio e dizendo como eles são afetados por isso. Passei um fim de semana em Nova York há algumas semanas, e a quantidade de fãs de “Grey’s Anatomy” que eu conheci e pude realmente ouvir suas próprias histórias foi incrível. Eu acho que o que me surpreendeu não é necessariamente quantas pessoas isso está afetando, mas quão profundamente está afetando as pessoas, o que eu acho que é algo realmente lindo. Eu acho que é um legado para a série, que um enredo como este ainda pode chegar ao coração de pessoas em tão grande escala. Tem sido incrível, e eu ainda estou chocado com a coragem do público também e com o quanto as pessoas estão se manifestando e contando suas próprias verdades. Tem sido realmente de tirar o fôlego.

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HG: Por que você acha que “Grey’s Anatomy” tem sido tão bem-sucedida depois de todos esses anos? Por que você acha que as pessoas ainda assistem?

JB: Eu realmente acredito que uma das razões pelas quais “Grey’s” é tão bem-sucedida é que eles têm sido consistentemente uma força por trás da representação de todos os tipos em televisão, e eles estão sempre chegando ao limite dessa representação e realmente permitindo que exista o tempo e a liberdade que vive por trás dessas pessoas. Ninguém se sente como um personagem secundário. Todo mundo se sente profundo e rico. Por causa disso, eu sinto que uma audiência muito ampla se sente ouvida, vista e ligada à série de uma forma que eu não me sinto conectado a muitos outros programas, ou que eles podem não se sentir conectados a muitos outros shows. É por isso que eu acho que faz tanto sucesso, e sinto que poderia durar para sempre porque eles continuam a promover esses ideais.

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HG: Você recebeu algum conselho de Shonda Rhimes ou outros membros do elenco quando você entrou para mundo de “Grey’s”?

JB: Sabe, eu me apoio muito no conselho do meu elenco porque é quem está ao meu lado a maior parte do tempo. Eu sinto que muito desse elenco que tem feito isso por tanto tempo, inadvertidamente, tornaram-se meus mentores, porque eu estou sentado lá no set o dia todo assistindo-os trabalhar. Eu sou um aluno. Eu amo assistir aulas de atuação. Eu ainda vou toda quarta à noite. É o que mais gosto de fazer. Sinto que neste programa, todos os dias é como uma master class sobre fazer um drama de uma hora na televisão. É realmente uma pergunta difícil de responder, porque cada pessoa neste set tornou-se um mentor para mim, porque todo mundo está no auge de sua carreira. É quase impossível entrar no trabalho e não aprender algo, o que eu acho que é uma posição tão perfeita para estar agora.

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HG: Em um tempo em que o feminismo é tão importante, qual é a sensação de trabalhar em uma série que tem personagens femininas tão fortes?

JB: Eu estou cercado de pessoas no trabalho que estão constantemente lutando por igualdade. Eu acho que é maravilhoso ter líderes femininas tão fortes no set. Muitas das nossas produtoras executivas e muitas das nossas diretoras e escritoras são vozes femininas, e eu acho que isso é algo realmente importante. Eu acho que começar nesse nível é a maneira de fazer isso. Ter líderes que são mulheres é uma das maneiras mais perfeitas de iniciar um diálogo que conduza a uma conversa sobre a igualdade no local de trabalho e no nosso mundo. Tenho muita sorte de estar em um ambiente que é constantemente liderado por mulheres.

HG: Obrigado, Jake. Muito sucesso pra você!

JB: Obrigado.

Um fofo, né? Aqui no Brasil, a 15ª temporada de “Grey’s Anatomy” é exibida pelo canal Sony, com episódios inéditos nas noites de segunda-feira, às 21h (horário de Brasília).