Após ser acusado de abuso sexual por uma das vítimas do bilionário pedófilo Jeffrey Epstein, o príncipe Andrew – filho da rainha Elizabeth II – recebeu os papéis de intimação do tribunal norte-americano. Segundo os documentos obtidos pelo New York Post nesta sexta-feira (10), os seguranças foram, inicialmente, instruídos a não aceitarem nenhum papel, mas agora o duque de York está ciente de todas as acusações.
De acordo com a publicação, em uma declaração juramentada no Tribunal Distrital dos Estados Unidos, Cesar Sepulveda, que se identifica como um “investigador corporativo”, disse que deixou uma cópia do processo da vítima, Virginia Giuffre, com um policial que guardava o Royal Lodge, um dos palácios da realeza britânica, no dia 27 de agosto, às 9h30.
Sepulveda detalhou como suas tentativas anteriores haviam sido, repetidamente, rejeitadas. Um dia antes de conseguir entregar os papéis, ele foi avisado para esperar nos portões principais do lugar, onde policiais – incluindo o chefe de segurança de Andrew – alegaram que não conseguiram entrar em contato com o duque. “O segurança havia sido instruído a não permitir que ninguém comparecesse com o propósito de entregar documentos judiciais no terreno da propriedade e, no momento, eles foram informados para não aceitar a citação de qualquer processo”, diz a declaração.
Ainda no depoimento, ele alegou que deixou mensagens com o advogado de Andrew, mas “nenhuma comunicação foi recebida” em resposta. Assim, ao retornar ao Royal Lodge no dia seguinte, o oficial que guardava o portão do palácio contatou o chefe de segurança de Andrew novamente, que garantiu a Sepulveda que ele poderia deixar os papéis e eles seriam encaminhados para a equipe jurídica do duque de York.
O investigador também perguntou se seria possível entregar a intimação diretamente para Andrew, mas “foi informado de que isso não era possível”. Mesmo assim, segundo a declaração, deixar os papéis com o segurança é “consistente com as disposições para o serviço”. Agora, o filho da rainha foi oficialmente informado da queixa e das provas existentes contra ele.
No documento entregue, ainda consta que a primeira audiência já está marcada para a próxima segunda-feira, 13 de setembro. Andrew deve participar de uma conferência com a Justiça de Nova York. Os advogados que defendem o príncipe se recusaram a comentar sobre as acusações.
Relembre o caso
No dia 9 de agosto, Virginia Giuffre abriu um processo contra o membro da realeza, afirmando que ele a agrediu sexualmente quando ela tinha 17 anos. A ABC News confirmou a informação, depois de consultar os registros do tribunal federal de Nova York. O processo foi aberto dois anos após a morte de Jeffrey Epstein, que aguardava julgamento em uma prisão da cidade norte-americana, após ter sido preso por um grande esquema de exploração sexual. “A vítima está empenhada em tentar evitar situações em que pessoas ricas e poderosas escapem de qualquer responsabilidade por suas ações”, disse o advogado David Boies em entrevista à emissora.
Em comunicado, Giuffre confirmou as palavras do advogado e disse que o processo está sob a guarda da Lei das Vítimas na Infância. Além das acusações de agressão sexual, a ação ainda afirma que a mulher foi traficada para o príncipe. “Estou responsabilizando o príncipe Andrew pelo que fez comigo. Os poderosos e ricos não estão isentos de serem responsabilizados por suas ações. Espero que outras vítimas vejam que é possível não viver em silêncio e medo, mas recuperar a própria vida falando e exigindo justiça”, explicou.
“Não tomei essa decisão levianamente. Como mãe e esposa, minha família vem em primeiro lugar e eu sei que esta ação me sujeitará a mais ataques pelo príncipe Andrew e as pessoas ao seu redor. Mas eu sabia que se não prosseguisse com essa ação, eu desapontaria vítimas em todos os lugares”, acrescentou. No ano passado, documentos escritos por Virginia sobre o período em que foi escravizada sexualmente por Epstein e sua cúmplice, Ghislaine Maxwell, vieram à tona. Segundo ela, quando tinha de 17 para 18 anos, Maxwell a enviou para o rancho de Epstein, onde passou dois dias a sós com o duque de York, que tinha 41 anos na época.
Jeffrey Epstein era amigo próximo do filho de Elizabeth II. Em abril deste ano, Andrew recusou uma proposta de US$ 7 milhões de dólares (cerca de R$ 38 milhões na cotação atual) para fazer uma entrevista sobre a amizade com o empresário usando o teste de polígrafo, o famoso aparelho que detecta mentiras.