Interpretar um dos personagens mais icônicos do cinema não é nada fácil, Meryl Streep que o diga! Em comemoração aos 15 anos do filme “O Diabo Veste Prada”, a atriz participou de um especial da revista Entertainment Weekly nesta segunda-feira (14) junto de Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci e outras pessoas importantes da equipe para falar pela primeira vez sobre os bastidores da produção.
A ganhadora do Oscar relatou as dificuldades de interpretar a editora-chefe da Runaway, Miranda Priestly, e revelou que chegou a enfrentar uma crise de depressão, enquanto desempenhava o papel. “Foi horrível! Eu estava sofrendo no meu trailer e podia ouvi-los se divertindo e gargalhando. Fiquei muito deprimida! Eu dizia pra mim mesma: ‘bem, esse é o preço que você paga por ser a chefona!’”, comentou Streep.
Para encarnar Miranda, a veterana do cinema lançou mão da técnica conhecida como “O Método”. Trata-se de um sistema de interpretação baseado na obra do dramaturgo russo Constantin Stanislavski, através do qual, os atores precisam sentir realmente as emoções que os personagens estão passando. Para isso, eles não saem do papel em nenhum momento. De acordo com Meryl, essa foi a última vez que ela utilizou a técnica.
“Meryl é tão sociável e divertida para caramba, de alguma maneira não foi o mais divertido para ela ter de se isolar. Não é como se ela fosse intocável, você podia ir até ela e contar um caso engraçado que ela ouviria, mas não sei se foi o mais divertido para ela estar no set de filmagens daquela forma”, relembrou Emily Blunt, intérprete de Emily Charlton, a principal assistente da executiva.
A história do filme acompanha Andy Sancheas, jornalista recém-formada que tem sua grande oportunidade ao conseguir um emprego de assistente de Miranda na revista de moda mais famosa do mundo. O início de um sonho, entretanto, se torna um pesadelo, por conta da pressão que Miranda coloca em todo o ambiente de trabalho para fazer com que a revista seja nada menos do que perfeita e a protagonista passa a se questionar se é realmente isso o que ela quer fazer.
Apesar de todo o perrengue de Streep para viver a “vilã” do filme de David Frankel, ela ganhou o Globo de Ouro na categoria de “Melhor Atriz em Comédia” e uma indicação ao Oscar daquele mesmo ano. Realmente, todos querem ser como ela! (quem pegou a referência?). O empenho da estrela foi tanto que intimidou até mesmo Anne Hathaway, a intérprete de Andy. O clima, porém, ajudou Anne a experimentar as emoções da personagem. “Eu realmente me senti intimidada, mas também me senti protegida. Eu sabia que o que quer que ela estivesse fazendo para criar esse medo, eu deveria valorizar porque também sabia que ela estava cuidando de mim”, explicou a atriz.
Outra Andy
Hoje em dia, não conseguimos imaginar outra pessoa para interpretar Andy que não fosse Hathaway, né? Pois saibam que ela não foi a primeira escolha da equipe, nem a segunda, nem a terceira… Segundo a própria atriz revelou em um episódio de “RuPaul’s Drag Race”, ela foi a nona pessoa considerada pro papel! O estúdio queria contratar uma atriz que já estivesse estabilizada em filmes dramáticos. Na época, Anne tinha um histórico de produções mais adolescentes, como “O Diário da Princesa” e “Uma Garota Encantada”. Atrizes como Rachel McAdams, Scarlett Johansson, Natalie Portman, Kate Hudson e Kirsten Dunst foram pensadas para “O Diabo Veste Prada”.
“Nós começamos a negociar com a Annie para fazer um acordo, mas isso não caiu bem com o estúdio… Nós oferecemos o papel para Rachel McAdams três vezes. O estúdio estava determinado a tê-la, e ela estava determinada a não fazer o filme“, contou o diretor David Frankel. “O filme falou comigo. Me fez sentir. Era sobre um assunto que eu levo muito a sério, mas de uma maneira maravilhosa, divertida e alegre“, relembrou Anne, que não desistiu do papel e acabou o conquistando.
“Me lembro dela sentada no sofá do meu escritório, me explicando por que ela queria fazer isso, por que ela tinha que interpretar esse papel e fazendo anotações no roteiro… A Anne nunca desistiu. Ela nunca parou de fazer campanha, ligar, ela foi no escritório da Carla Hacken (executiva da Fox) e escreveu em seu jardim zen: ‘Me Contrate’“, disse Elizabeth Gabler, ex-presidente da Fox 2000.
Quem deu uma ajudinha para sua futura colega de elenco foi ninguém menos que Meryl Streep. “Meryl estava muito ansiosa para fazer o filme e disse: ‘Me deixe conhecê-la’. ‘Brokeback Mountain’ estava para estrear e a Anne tinha um pequeno papel no filme. A Maryl assistiu a essa cena, se encontrou com ela e ligou para um executivo da Fox, dizendo: ‘É, essa garota é ótima e acho que trabalharemos bem juntas“, contou Frankel.
“Eu pacientemente esperei até que fosse meu momento, então recebi um telefonema. Foi o ‘sim’ mais fácil do mundo. Eu me lembro do momento em que descobri que tinha conseguido o papel, eu apenas saí correndo e gritando pelo meu apartamento. Eu estava recebendo alguns amigos na hora, apenas pulei na sala e gritei: ‘Eu estarei em O Diabo Veste Prada!“, lembrou Hathaway. Um verdadeiro exemplo!
Para o papel de Miranda Priestly, outras também foram consideradas. Michelle Pfeiffer, Glenn Close e Catherine Zeta-Jones chegaram a ter seus nomes citados, mas foi Meryl quem conquistou a personagem inesquecível. A protagonista – meio vilã – foi inspirada em Anna Wintour, editora-chefe da Vogue norte-americana, revista de moda mais importante do mundo.
“Eu não estava interessada em fazer um filme biográfico sobre a Anna, eu estava interessada na posição dela na empresa. Eu queria assumir os fardos que ela tinha que carregar, além de ter uma boa aparência todos os dias“, brincou Streep. “Era importante pra gente que ela não fosse apenas uma chefe difícil, mas que incorporasse um certo valor sobre as pessoas serem dispensáveis a serviço do que, para ela, é um objetivo maior, e que ela venerasse a moda e a revista“, explicou Aline Brosh McKenna, escritora da obra.
“A Miranda nos dá uma personagem que muitos de nós podem se inspirar, para ser intransigente, dura, real, honesta, direto ao ponto, e não ter que se contorcer para passar seu ponto sem ferir ou ofender ninguém, o que eu acho que os homens fazem com muito mais facilidade“, observou Blunt.