Família de Eloá se manifesta após “Linha Direta” e faz desabafo: “Preferem a dor”

Cintia Pimentel, esposa do irmão mais velho de Eloá, lamentou que essa ferida tenha sido exposta novamente

O novo “Linha Direta”, que estreou nesta quinta-feira (4), reviveu o sequestro e a morte de Eloá Cristina Pimentel, caso que abalou o Brasil em 2008. Com a grande repercussão do episódio, a família da vítima falou sobre o assunto nesta sexta-feira (5). Cintia Pimentel, esposa do irmão mais velho de Eloá, desabafou pelas redes sociais e lamentou pela dor de seus familiares em recordar tudo o que aconteceu.

Cintia lembrou que hoje seria o aniversário de 30 anos de Eloá, e citou como o programa expôs a ferida da perda mais uma vez. “Até ontem estava tudo tão bem! Estavam todos bem! Hoje seria o aniversário de 30 anos… Eu não tenho propriedade pra falar em nome da perda, pois apesar de sentir muito, não sinto na pele o que é perder um filho e peço a Deus que nenhum de nós experimente estar nessa situação”, iniciou ela em um Story no Instagram.

Meses atrás, em um vídeo, Cintia exibiu a última foto do marido com Eloá. (Foto: Reprodução/Instagram)

A cunhada de Eloá, que não chegou a conhecê-la em vida, recordou como a trajetória da jovem ia muito além do que a tragédia que resultou em sua morte. “Mais uma vez digo: existiram sonhos, anseios, sorrisos, planos, histórias e muito mais coisas positivas que poderiam deixar a memória sempre viva nessa e em outras gerações. Mas não, preferem a dor, preferem resumir a história somente ao que traz à tona os piores momentos da vida de alguém”, pontuou a esposa de Ronickson Pimentel.

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Por fim, apesar de relembrar momentos dolorosos, Cintia expressou seu desejo que essa nova visibilidade do caso promova algumas mudanças, ou mais conscientização sobre o que poderia ter sido diferente. “Espero que isso sirva ao menos para sensibilizar o país e mostrar que algumas leis precisam ser revistas. Que Deus, novamente, console o coração dos que agora estão revivendo essa dor”, escreveu. Veja:

A cunhada de Eloá, Cintia Pimentel, lamentou a nova exposição do caso. (Foto: Reprodução/Instagram)

O caso Eloá

Eloá Cristina Pimentel tinha apenas 15 anos quando foi mantida refém pelo ex-namorado, Lindemberg Alves Fernandes. Após cinco dias em cárcere privado, a tragédia terminou com a morte da menina, em outubro de 2008. Pedro Bial recontou a história desse caso no “Linha Direta”, ouviu depoimento de um dos sobreviventes, e expôs alguns erros da polícia.

Sob o comando de Pedro Bial, estreia do novo “Linha Direta” abordou o sequestro e a morte de Eloá. (Foto: Reprodução/TV Globo)

O promotor Antonio Nobre Folgado criticou a cobertura intensa da mídia na época, lembrando como o criminoso conseguiu acompanhar tudo o que se passava do lado de fora do prédio, inclusive a ação da polícia. Segundo ele, uma apresentadora de TV também atrapalhou as negociações entre o assassino e os agentes. Apesar do programa não citar nomes, nas redes sociais, internautas apontaram Sônia Abrão como a responsável. Na época, ela conversou com Lindemberg Alves duas vezes por telefone.

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“Teve um momento em que uma apresentadora de televisão se colocou como negociadora e interrompeu a negociação com a polícia. Nesse dia, no dia 15, à tarde, havia um acordo feito entre o capitão, o irmão da Eloá, o Douglas, e o próprio Lindemberg para ele se render. Quando entra essa apresentadora tentando resolver a situação, o Lindemberg percebe que está ao vivo e resolve prolongar tudo porque ele era o centro das atenções. Então prejudicou a polícia”, afirmou Antonio.

A própria Globo se envolveu no caso, quando a repórter Zelda Mello falou com o criminoso. O jornalista César Tralli, um dos entrevistados, disse que os policiais deveriam ter dificultado o trabalho da mídia, o que não aconteceu. “A polícia não estabeleceu limite para o trabalho jornalístico, o que eu vi como um equívoco muito grande. Como jornalista, tudo que você quer é estar o mais próximo possível do fato. O trabalho da polícia seria dificultar a aproximação dos jornalistas para você poder trabalhar aquela situação com o máximo de tranquilidade possível”, opinou Tralli.

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Na época, a apresentadora do “Hoje em Dia” Ana Hickmann chegou a pedir que o sequestrador fosse até a janela para acenar como um sinal de que tudo estava tudo bem. O jornalista Reinaldo Gottino, do “SP Record”, também conversou com o assassino.

Após a exibição do programa e uma nova onda de críticas, Ana Hickmann se manifestou sobre o caso nesta sexta-feira (5). Em nota enviada ao hugogloss.com, a apresentadora pediu desculpas e assumiu erros na cobertura do sequestro. “A apresentadora reconhece a atitude errônea que cometeu na época e pede desculpas para as vítimas e suas famílias”, destacou a equipe, pontuando que a estrela da Record tem sofrido ataques pesados nas redes.

“Após o episódio do programa Linha Direta, exibido na última quinta-feira (4), Ana Hickmann vem sofrendo ameaças de morte por meio das redes sociais. As mensagens de ódio despertaram gatilhos emocionais, desencadeados após o atentado que sofreu em 2016, em Belo Horizonte. A apresentadora reafirma o seu pedido de desculpas e pede por respeito nesse momento”, concluiu o comunicado.

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