Dom Phillips e Bruno Pereira: Suspeito confessa crime e narra horrores feitos contra os desaparecidos

Em depoimento prestado à Polícia Federal, Osoney da Costa detalhou o que ele e Amarildo da Costa teriam feito com o jornalista britânico e o indigenista brasileiro

desaparecidos

Osoney da Costa, um dos suspeitos presos pelo desaparecimento do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira, no Amazonas, confessou os crimes à Polícia Federal nesta quarta-feira (15). Segundo o jornalista Valteno de Oliveira, da BandNews, o homem admitiu que ele e Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, mataram os desaparecidos.

Bruno e Dom teriam flagrado Osoney e Amarildo numa pesca ilegal de pirarucu, enquanto o jornalista fotografava a cena. Então, a dupla teria sido rendida pelos suspeitos e levada para uma vala na região do Vale do Javari, na Amazônia. Os desaparecidos teriam sido mortos no local no último dia 5. De acordo com o relato, seus corpos foram decepados, esquartejados e incendiados.

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Agentes da PF levaram Osoney para apontar o local do crime no início da tarde desta quarta. A corporação deve dar uma coletiva de imprensa sobre o assunto ainda hoje e anunciar o encerramento o caso, indiciando Osoney e Amarildo pelo assassinato. Os dois já haviam sido presos no decorrer das investigações. No entanto, ainda há a suspeita de que outras pessoas também tenham participado das mortes de Dom Phillips e Bruno.

Busca pelos corpos

Na segunda-feira (13), Alessandra Sampaio, esposa de Dom Phillips, revelou ao jornalista André Trigueiro que os corpos de seu marido e de Bruno Pereira teriam sido localizados. No entanto, até o momento, ainda aguarda-se a confirmação oficial da perícia da Polícia Federal para concluir o caso.

“Alessandra voltou a fazer contato dizendo que recebeu há pouco ligação da PF informando que os corpos precisam ser periciados. A Embaixada Britânica já havia comunicado aos irmãos de Dom Phillips que eram os corpos do jornalista e do indigenista. Agora todos aguardam a perícia”, escreveu o comentarista da Globo News.

Ao vivo no canal fechado, o jornalista contou que Alessandra recebeu a notícia diretamente de amigos que participavam das buscas na Amazônia. “Aproximadamente quinze minutos depois [de confirmar a morte], ela voltou a fazer contato e disse que havia acabado de receber uma ligação da Polícia Federal confirmando que dois corpos haviam sido encontrados. Entretanto, eles não haviam sido identificados e que isso só seria possível a partir do trabalho da perícia”, disse.

De acordo com o “The Guardian”, a família de Phillips também foi informada pelo embaixador brasileiro no Reino Unido, da descoberta de dois corpos. “Ele não descreveu a localização e disse que foi na floresta, que estavam amarrados a uma árvore e ainda não haviam sido identificados“, relatou Paul Sherwood, cunhado do britânico.

Na sexta-feira (11), a Polícia Federal já havia apontado que foram encontrados “materiais orgânicos aparentemente humanos” no Rio Itaquaí, próximo ao porto de Atalaia do Norte. Os dois sumiram na região do Vale do Javari, no estado do Amazonas.

As buscas pelos desaparecidos estavam concentradas em uma área abaixo da “Comunidade Cachoeira”, em Atalaia do Norte. Para reforçar a procura, o governo do Amazonas enviou bombeiros, policiais civis e militares. Voluntários falaram para as equipes de busca que encontraram sinais de escavação às margens do Rio Itaquaí, local em que Pereira e Philips foram vistos navegando.

Bruno Araújo e Dom Phillips estavam desaparecidos desde o último domingo (5). (Foto: Reprodução/G1)

O desaparecimento

Além de indigenista, Bruno Araújo Pereira era servidor federal licenciado da Funai. Ele também dava suporte à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) em projetos e ações específicas. Em 2018, se tornou o coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém-contratados da Fundação Nacional do Índio, mas foi exonerado em 2019, após pressão de setores ruralistas ligados ao governo Bolsonaro.

Dom Phillips morava em Salvador com a família e fazia reportagens sobre o Brasil para veículos como Washington Post, New York Times, Financial Times e The Guardian. Em seu trabalho, ele investigava e denunciava o garimpo ilegal, e tratava da defesa ambiental.

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Os dois sumiram durante visita à equipe de Vigilância Indígena, localizada próxima ao Lago do Jaburu. O objetivo do jornalista era realizar algumas entrevistas com os indígenas. Defensor dos povos originários, Bruno recebia ameaças constantes de madeireiros, garimpeiros e pescadores.

As buscas começaram no domingo por integrantes da Univaja. Sem sucesso, eles acionaram as autoridades no dia seguinte. Agentes da Polícia Federal, da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), da Marinha e do Exército participaram da operação. Phillips estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente com apoio da Fundação Alicia Patterson.