No dia 2 de julho, um homem foi encontrado morto no Denali National Park, no estado do Alasca – uma região gélida e afastada dos Estados Unidos. Nesta semana, 18 dias após o episódio, sua identidade foi confirmada. Era o brasileiro Sandro Simão, que tinha 35 anos. As informações foram divulgadas hoje (23), numa reportagem do jornal “O Dia”, incluindo o desespero da família – que aponta omissão do governo na condução do caso.
De acordo com os familiares, Sandro estava desaparecido após descobrir uma doença em estágio terminal. O advogado carioca partiu no fim de maio e teria decidido passar os últimos momentos de sua vida sem dar notícias, viajando pelo mundo. Contudo, os parentes dizem não saber exatamente qual a condição médica que o fez optar por isso.
Segundo a família, a passagem de volta do advogado estava marcada para 2 de julho, o mesmo dia em que seu corpo foi encontrado. “Ele não entrou no voo. Começamos a pensar que havia algo estranho”, afirmou um entrevistado, que preferiu não ser identificado. Agora, eles acreditam que Sandro teria tentado lhes “poupar” de sofrer com a morte dele. “Há um histórico de perdas na família. Ele deve ter viajado para tentar nos poupar do sofrimento”, avaliou.
Família acusa governo de omissão
Foi só após semanas de agonia e dúvidas que veio a confirmação da identidade de Sandro. Mas a família do carioca não está nada satisfeita e lamentou a grande demora no processo. “Ele morreu no dia 2, as autoridades do Alasca avisaram ao consulado no dia 6. A família foi avisada no dia 20, duas semanas depois”, contou o familiar.
Os parentes do advogado acusam o Itamaraty e o Consulado-Geral do Brasil nos Estados Unidos de não lhes repassarem a informação assim que souberam do caso. “Alguma instituição sabia dessa informação e reteve. Enquanto isso, nós estávamos desesperados, com a informação de que o Sandro estava desaparecido. Ninguém avisou. Se fosse ao contrário [um norte-americano no Brasil], seria caso de polícia internacional”, desabafou o informante ao Dia.
Karina Costa, advogada e especialista em Direito Internacional, também aponta omissão do governo brasileiro nas tratativas. Foi ela quem se comunicou com o Itamaraty e o Consulado-Geral do Brasil em São Francisco, no estado da Califórnia – o órgão responsável pelas questões diplomáticas no Alasca. “Isso se tornou um caso de Direito Internacional, um impasse internacional que envolve um corpo de um nacional brasileiro negligenciado. Houve omissão”, disse ela.
Para a advogada, “as autoridades brasileiras não cobraram com vigor as autoridades americanas sobre o desfecho”. Ela também questionou as dificuldades que a família enfrenta para poder ter uma despedida digna do ente querido, visto que todos estão desesperados em busca de uma solução. “Há uma mãe no Brasil esperando notícias, querendo se despedir de seu filho e homenageá-lo. É difícil até em relação ao estado do corpo. Não sabemos em quais condições ele está, aonde ele ficou durante esse tempo. Nada foi informado”, relatou Karina.
Ministério das Relações Exteriores se manifesta
O Ministério das Relações Exteriores foi contatado pela reportagem e disse que “acompanha o caso e, por intermédio do Consulado-Geral em São Francisco, vem prestando toda a assistência consular possível à família”. O Itamaraty pontuou que “está em contato com as autoridades norte-americanas envolvidas e com a família”.
Quando questionados sobre a identificação do corpo, o órgão brasileiro afirmou não ser responsável por isso e que acompanha o processo no exterior: “É responsabilidade das autoridades dos Estados Unidos, e o Consulado vem acompanhando detidamente o processo”. O Ministério deixou claro que não há possibilidade de custear o translado do corpo de Sandro ao Brasil, mas afirmou que consulados poderiam apoiar os familiares com orientações e expedição de documentos, como o atestado de óbito.
Deixamos nossos sentimentos aos familiares e amigos de Sandro, com essa triste perda…